Vale tudo na hora de vender um filme, não é mesmo? Vale até jurar de pés juntos que a história que você está prestes a ver nas telas – seja de demônios, alienígenas ou até animais gigantes – foi inspirada em fatos reais.
Quando o longa finalmente chega aos cinemas, muita gente se sente enganada ao perceber que esses fatos estão um pouco longe do “real”, mas, se pensarmos bem, tudo depende do que você entende por “inspiração”.
O Guia da Semana listou 13 filmes que se dizem inspirados por fatos reais, mas que não enganam ninguém. Confira:
Invocação do Mal (2013)
O filme que chega aos cinemas este mês conta a história de um casal de investigadores paranormais com um currículo extenso – que atuara no caso de Amityville, mas jura que o evento mais assustador de suas vidas aconteceu em Harrisville – onde morava uma família com cinco filhos. Os investigadores existiram de verdade e a mulher – Lorraine Warren – mantém um museu “mal-assombrado” com objetos recolhidos das casas onde trabalhou. Já Andrea Perron, a mais velha das crianças, também está viva e escreveu alguns livros relatando sua experiência de nove anos vivendo lado-a-lado com espíritos numa casa de fazenda.
A Bruxa de Blair (1999)
Ame-o ou o odeie, a verdade é que “A Bruxa de Blair” marcou história. O filme estourou com a ajuda de uma pesada campanha viral envolvendo sessões exclusivas em universidades, trailers misteriosos, notícias falsas e boatos plantados, tudo isso quando a internet ainda engatinhava. Como se a campanha por si só já não fosse uma façanha, o longa ainda deu origem a um novo gênero no cinema: o do falso documentário, ou “mockumentary”, enriquecido com filmagens caseiras e câmeras trêmulas, misturando momentos de “arquivo real” com a “dramatização do que teria acontecido de verdade”. A história? Algo envolvendo um grupo de adolescentes e um acampamento na floresta… O de sempre.
Horror em Amityville (1979)
Atores famosos são raridade em filmes de horror (especialmente os que se propõem “reais”), mas Amityville teve Ryan Reynolds no papel principal. Ele vive o pai de uma família que se muda para uma casa onde ocorrera um massacre. Em 28 dias, os moradores se convencem de que o local é assustador demais e vão embora. A história da família Lutz é uma das experiências contadas pelo casal Warren (os investigadores de Invocação do Mal) e até hoje o local acumula histórias sinistras.
O Exorcismo de Emily Rose (2005)
O longa baseou sua campanha no fato de ser inspirado na história real de Anneliese Michel, uma garota possuída em 1968 que morreu de fome após uma série de tentativas de exorcismo. O resultado, porém, decepcionou muita gente: o filme enfoca o processo judicial que se deu em torno das intervenções eclesiásticas e não, propriamente, a possessão da garota.
Contatos de 4º grau (2009)
O diretor Olatunde Osunsanmi incomodou muita gente ao lançar seu “Contatos de 4º Grau” (não aquele, o outro). O filme promete contar a história real da psicóloga Abigail Tyler, que teria realizado hipnose em pacientes que relataram experiências com extraterrestres. No processo, ela mesma descobre que foi abduzida. Com Milla Jovovich no papel de Tyler, o longa alterna imagens “de arquivo”, com a verdadeira psicóloga, com cenas interpretadas pela atriz. A comunidade ufológica percebeu na hora que os arquivos eram falsos.
Cloverfield (2008)
Cloverfield, o projeto “misterioso” de J.J. Abrams (que, na verdade, foi dirigido por Matt Reeves) não chegou a enganar ninguém, mas usou a ideia do “vídeo caseiro” para causar impacto e contar a mesma história de sempre com uma pegada diferente. O filme mostra o ataque de um monstro gigante a Nova York sob o ponto de vista de um grupo de jovens – e o expectador não tem acesso a nenhuma informação que eles não tenham. A situação tem uma sensação de “realidade” porque os personagens são bem desenvolvidos antes da tragédia começar e, na hora do ataque, tudo acontece muito rápido, como seria de fato.
Atividade Paranormal (2007)
Um jovem casal se muda para uma nova casa. A mulher conta que tem experiências paranormais, ele decide colocar uma câmera para vigiar o quarto à noite. Além do visual “vídeo caseiro”, Atividade Paranormal aposta em dois atores iniciantes e desconhecidos, cujos nomes são os mesmos dos seus personagens: Katie e Micah. A ideia para o filme (que se revelou “falso” assim que os fãs descobriram quem eram aquelas pessoas) surgiu de uma experiência pessoal do diretor, que ficou apavorado quando decidiu morar sozinho pela primeira vez. O filme custou menos de US$ 15 mil e foi um sucesso de bilheterias, dando origem a uma franquia.
O Exorcista (1973)
Nada de meninas girando a cabeça ou falando línguas estranhas com voz gutural. Na história real que inspirou o clássico, quem ficou possuído foi um garoto de 12 anos, Roland Doe, em 1949. A família desconfiou de possessão quando começou a ouvir barulhos inexplicáveis pela casa e ver o menino usando a tábua de Ouija e se auto-flagelando. O exorcismo foi realizado e, dizem, bem sucedido.
A Hora do Pesadelo (1984)
Como assim um assassino que ataca os sonhos de suas vítimas é uma história real? Bem, segundo o criador de Freddy Krueger, a ideia para o filme surgiu quando ele começou a notar semelhanças numa série de mortes relatadas nos jornais: as pessoas estavam morrendo enquanto dormiam. No caso mais marcante, um garoto do Cambodja se recusou a dormir por vários dias. Sua família lhe dava comprimidos e insistia para que ele descansasse, mas o menino respondia “Vocês não entendem, eu já tive pesadelos antes... Mas esse é diferente!”. Quando ele finalmente caiu no sono, não deu outra: nunca mais acordou.
A Bolha Assassina (1958)
Mais um caso absurdo que, acreditem, foi inspirado na vida real. No filme de 1958, uma bolha alienígena cai na Terra e começa a engolir seres humanos. O que de fato aconteceu, em 1950 na Filadélfia, é que foi encontrada uma bolha gigante e gelatinosa, que se dissolveu numa gosma não identificada assim que tentaram removê-la. As hipóteses são que aquilo era o resíduo de um meteoro ou o lixo industrial de uma companhia de gás.
O Iluminado (1980)
Stephen King nunca sentiu tanto medo quanto na noite em que ele e sua família se hospedaram num hotel vazio. Segundo o autor do livro que inspirou o filme de Stanley Kubrick, o hotel se preparava para fechar até a temporada seguinte, mas permitiu que eles ficassem ali, como os únicos hóspedes. À noite, King teve um pesadelo envolvendo seu filho e um longo corredor assombrado. De manhã, a história estava praticamente pronta.
King Kong (1933)
Ok, você consegue acreditar em possessão demoníaca ou até numa bolha química, mas... Um gorila gigante, mesmo? Na verdade, o filme de 1933 foi baseado na expedição de William Douglas Burden, um americano que trabalhava para o Museu de História Natural e encontrou na Indonésia o que pensava ser o mais próximo de um dinossauro no século XX: um dragão de Komodo. O animal foi levado ao zoológico e morreu, pela distância com seu habitat natural. No longa, o edifício Empire State simboliza esse contato destrutivo com a civilização.
Chucky, O Boneco Assassino (1988)
Sabe o que faz um boneco se tornar maligno? Um voodoo bem feito. Na história que inspirou Chucky, uma enfermeira jamaicana presenteou o filho de uma família de que não gostava com um boneco carregado de magia negra, em 1904. O menino, segundo relatos da família, passou a conversar com o brinquedo e apresentar comportamentos sinistros. Quando outra criança se apropriou do boneco, o mesmo aconteceu. Hoje, o voodoo está exposto no museu Martello em Key West, na Flórida.
Por Juliana Varella
Atualizado em 2 Abr 2016.