O cinema às vezes é um ambiente tão masculino que nos acostumamos a pensar nos diretores como “eles”, exceto quando o gênero da cineasta vira notícia. Duvida? Pense bem: quantos filmes você consegue lembrar que foram dirigidos por mulheres? O mais provável é que você conheça vários e nem saiba.
Para celebrar essas profissionais que vivem quase invisíveis atrás das câmeras, e para celebrar o Dia Internacional da Mulher, selecionamos 28 filmes inesquecíveis dirigidos por mulheres. Confira:
Lady Bird - A hora de voar (Greta Gerwig)
“Lady Bird” foi o nome dado a Christine por si mesma, como forma de afirmar sua independência e autenticidade diante dos pais e do mundo. Ela quer ser artista e morar numa grande cidade global, mas vive em Sacramento, estuda numa escola católica bastante comum e nunca teve boas notas. Quando chega a hora de enviar seu currículo para as universidades, a falta de apoio de sua mãe a deixa furiosa, e a relação entre elas – já complicada – chega ao limite.
Visages Villages (Agnès Varda)
Agnès Varda e JR têm coisas em comum: sua paixão por imagens e, mais particularmente, o questionamento sobre os lugares onde elas são mostradas e a maneira como são compartilhadas e expostas. Agnès escolheu o cinema. JR escolheu criar galerias fotográficas ao ar livre. Quando os dois se conheceram, em 2015, imediatamente quiseram trabalhar juntos —fazer um filme na França, longe das cidades. Em encontros aleatórios ou planos pré-concebidos, eles partem em direção a outras pessoas e as convidam a segui-los em sua viagem no caminhão fotográfico de JR.
Mulher Maravilha (Patty Jenkins)
Antes de tornar-se Mulher-Maravilha, ela era Diana, princesa das Amazonas e treinada para ser uma guerreira invencível. Criada numa isolada ilha paradisíaca, Diana descobre que um grande conflito assola o mundo quando um piloto americano cai com seu avião nas areias da costa. Convencida de que é capaz de vencer a ameaça de destruição, Diana deixa a ilha. Lutando lado a lado com homens numa guerra que pretende acabar de vez com todas as guerras, ela vai descobrir todos os seus poderes… e seu verdadeiro destino.
Professor Marston e as Mulheres Maravilhas (Angela Robinson)
A história real do psicólogo que, além de inventar o detector de mentiras em Harvard, também criou a personagem Mulher-Maravilha nos quadrinhos, inspirado em sua própria relação poliamorosa com duas mulheres fortes e feministas.
Toni Erdmann (Maren Ade)
“Toni Erdmann”, dirigido por Maren Ade, mostra o conflito entre uma mulher preocupada em se provar no trabalho, num meio masculino e competitivo, e seu pai, um professor de música extrovertido e piadista. Tentando se aproximar mais da filha, ele faz uma visita-surpresa ao apartamento dela, mas as coisas não saem como o esperado. Insistente, ele retorna, mas desta vez sob um alter-ego que finge trabalhar na mesma empresa que ela.
Raw (Julia Ducournau)
Lançado no Brasil direto em streaming, “Raw” (ou “Grave”, em algumas traduções) é um suspense psicológico que ficou famoso após fazer pessoas desmaiarem no festival de Toronto, impressionadas com o tema do canibalismo. Apesar do susto, o filme ganhou prestígio entre críticos e cinéfilos e conta a história de uma jovem vegetariana que é obrigada a comer carne crua durante um trote universitário e, a partir dessa experiência, começa a desenvolver um desejo por carne humana.
Que Horas Ela Volta? (Anna Muylaert)
Val é a empregada residente na casa de uma família rica em São Paulo há mais de dez anos. Afastada da própria filha por causa do trabalho, ela tem ajudado a criar o filho dos patrões, mas precisa confrontar suas próprias escolhas quando sua filha vem à cidade para prestar vestibular.
Mate-me Por Favor (Anita Rocha da Silveira)
O longa de estreia de Anita Rocha da Silveira explora uma linguagem experimental para analisar um tema urgente: a violência contra a mulher. Diante de uma série de assassinatos no Rio de Janeiro, um grupo de meninas tenta lidar com a insegurança fantasiando com a morte enquanto vive o despertar de sua sexualidade.
O Babadook (Jennifer Kent)
Uma mãe solteira vive marcada pela perda trágica do marido, falecido num acidente de carro no caminho para a maternidade. Enquanto tenta lidar com a própria dor, ela também precisa encarar seu único filho e a crença dele de que existe um monstro dentro de casa.
Garota Sombria Caminha Pela Noite (Ana Lily Amirpour)
“Garota Sombria Caminha Pela Noite” é um filme da iraniana Ana Lily Amirpour sobre uma cidade-fantasma no Irã, cujos poucos habitantes são observados e perseguidos por uma garota. O filme alia um estilo noir a inspirações de graphic novel, com um quê de faroeste.
Selma (Ava Duvernay)
Mulher e negra, Ava Duvernay também é uma cineasta de olhar aguçado. No filme que concorreu na categoria principal do Oscar e levou a estatueta de Melhor Canção, ela mostra um período da trajetória de Martin Luther King e denuncia a violência contra os negros norte-americanos na luta por seus direitos. As imagens chocam e fazem pensar.
O Sonho de Wadjda (Haifaa al-Mansour)
Primeiro filme dirigido por uma mulher na Arábia Saudita, “O Sonho de Wadjda” não merece seu lugar na lista apenas pela importância histórica, mas pela graça e sensibilidade de sua história. Wadjda é uma criança árabe criada entre a rigidez de sua cultura e as tentações da cultura pop internacional. Seu maior sonho, que não pode realizar simplesmente por ser menina, é ter uma bicicleta.
Precisamos Falar Sobre o Kevin (Lynne Ramsay)
Kevin sempre foi uma criança estranha e sua mãe, mais do que ninguém, sempre soube disso. A relação entre os dois nunca deixou de ser difícil, mas ela fazia o seu melhor. Agora, ela será punida por um ato que nem ela poderia ter imaginado que ele cometeria. Será que a culpa foi sua?
Tomboy (Céline Sciamma)
Já falamos de Céline Sciamma aqui e, para completar esta lista, escolhemos seu polêmico drama infantil “Tomboy”. No filme, uma menina aproveita a mudança de casa para se apresentar para seus novos amigos como um menino, e passa a viver entre os dois gêneros.
Minhas mães e meu pai (Lisa Cholodenko)
Conhecida, também, por seu trabalho com a série de TV Olive Kitteridge, Lisa Cholodenko abordou de forma natural a questão da homossexualidade na família moderna em “Minhas Mães e Meu Pai”. No filme, Julianne Moore e Annete Bening formam um casal com dois filhos, que decidem se reaproximar do pai biológico.
Educação (Lone Scherfig)
Indicado a três Oscars, “Educação” foi um dos filmes mais comentados de seu ano, mostrando na tela a relação de interesse e curiosidade entre uma adolescente e um homem mais velho, nos anos 60. Lone Scherfig captou perfeitamente os conflitos da protagonista.
O Garoto de Liverpool (Sam Taylor-Johnson)
Antes de “Cinquenta Tons de Cinza”, Sam Taylor-Johnson dirigiu “O Garoto de Liverpool”. O filme resgata a juventude de John Lennon (Aaron Taylor-Johnson, que se tornaria marido da diretora) e aborda especialmente a relação conturbada do músico com a mãe.
Guerra Ao Terror (Kathryn Bigelow)
Kathryn Bigelow não foi apenas a primeira mulher a ganhar o Oscar de Melhor Direção, mas foi a única até hoje. O longa que lhe rendeu o prêmio (também eleito o Melhor Filme) foi “Guerra ao Terror”, sobre um esquadrão anti-bombas na Guerra do Iraque.
Across the Universe (Julie Taymor)
Como o nome já sugere, “Across the Universe” se inspira nas músicas dos Beatles para dar vida a Jude, Lucy, Prudence e outros personagens que povoam algumas das canções mais famosas do mundo. O filme se passa nos anos 60 e conta a história de um jovem inglês que se apaixona por uma americana e vive as dores da Guerra do Vietnã e a explosão dos protestos pelos direitos civis.
Encontros e Desencontros (Sofia Coppola)
Qualquer filme de Coppola poderia figurar nesta lista, mas “Encontros e Desencontros” é, provavelmente, o mais amado pelos fãs. Numa viagem ao Japão, Bill Murray e Scarlett Johansson se conhecem e dividem suas noites de insônia num hotel de luxo.
O Diário de Bridget Jones (Sharon Maguire)
Bridget Jones tem muito mais do que vinte-e-poucos anos, vive lutando contra a balança e não pode evitar se apaixonar por seu chefe – um mulherengo irrecuperável. Para tentar colocar alguma ordem em sua vida e finalmente colocar em prática suas resoluções de Ano Novo, ela registra suas desventuras num diário.
Bicho de Sete Cabeças (Laís Bodanzky)
Bodanzky é uma das cineastas mais engajadas no mercado nacional: além de ter dirigido o premiadíssimo “Bicho de Sete Cabeças”, com Rodrigo Santoro, ela conduz o projeto Cine Tela, levando o cinema itinerante às cidades que não possuem salas de exibição.
Do Que as Mulheres Gostam (Nancy Meyers)
Outro filme que com certeza marcou época foi a comédia “Do Que As Mulheres Gostam”, sobre um homem que passa a ouvir os pensamentos de todas as mulheres à sua volta. É claro que a diretora só poderia ser uma delas, para conhecer esses pensamentos, não é? Meyers ainda dirigiu “Alguém Tem Que Ceder”, “O Amor Não Tira Férias” e “Operação Cupido”.
As Patricinhas de Beverly Hills (Amy Heckerling)
Sabe aquele filme que você adorava na adolescência? Pois é, foi dirigido por uma mulher, como vários outros sucessos dos anos 90. Amy Heckerling ainda foi responsável por “Olha Quem Está Falando” e “Olha Quem Está Falando Agora”, além de comandar episódios das séries “Gossip Girl” e “Suburgatory”.
Os Batutinhas (Penelope Spheeris)
Você sabia que o clássico infantil mais amado dos anos 90 teve uma diretora? Pois é: a disputa entre o clube dos meninos e o clube das meninas foi captada pelas lentes de Penelope Spheeris, que ainda dirigiu a comédia “Quanto Mais Idiota Melhor”. Por essa você não esperava, não é?
O Piano (Jane Campion)
O filme mais famoso de Jane Campion venceu três Oscars e conquistou uma legião de fãs adultas na época do lançamento. O longa conta a história de uma mulher muda que se muda com a filha para a Nova Zelândia para um casamento arranjado, mas acaba se envolvendo com outro homem local.
O Cemitério Maldito (Mary Lambert)
É difícil imaginar uma mulher dirigindo um filme de terror, com todos os elementos grotescos que formam o gênero, mas Mary Lambert mostrou que é possível. Além da adaptação do livro de Stephen King, a cineasta também participou da série “Contos da Cripta” e dirigiu diversos outros filmes do gênero para a TV.
Quero Ser Grande (Penny Marshall)
Vamos falar de filmes amados? ”Quero Ser Grande” é uma obra eterna, que captou toda a ousadia ingênua do pensamento adolescente, registrou uma época e conseguiu tocar todo o tipo de espectador. Homens ou mulheres, crianças ou adultos.
Por Juliana Varella
Atualizado em 26 Fev 2018.