Quem ama livros sabe que, quase sempre, a obra original é muito melhor do que a adaptação. Mas há casos em que a versão que chega aos cinemas é tão ruim que todo o sentido do livro se perde, o que era engraçado se torna bobo, ou o que era grandioso se torna pequeno e esquecível.
Confira 15 adaptações terríveis que jamais deveriam ter chegado aos cinemas:
O Hobbit (2012/2013/2014)
Nós também somos nerds e adoramos passar algumas horas na Terra Média, mas, cá entre nós, as adaptações dos trabalhos de Tolkien já foram muito melhores. Como justificar, afinal, que um único livro (não muito grosso, aliás) tenha sido esticado para três longas-metragens com quase três horas cada? O resultado não poderia ser diferente: um festival de efeitos especiais e histórias paralelas que tentam, mas não conseguem preencher o vazio tedioso que domina cada um dos filmes.
O Grinch (2000)
Os livros de Dr. Seuss são um sucesso absoluto entre as crianças norte-americanas, mas por alguma razão suas adaptações cinematográficas são sempre catastróficas. “O Grinch” é um bom exemplo disso: com Jim Carrey no papel do monstrengo verde, o filme não consegue fazer rir, nem se aproxima do tom poético da obra do autor.
As Viagens de Gulliver (2010)
Qualquer adaptação que tenha como protagonista Jack Black e suas caras e bocas corre o risco de ser um desastre. No caso, o livro clássico de Jonathan Swift, cheio de aventura e imaginação, se perde na versão cinematográfica, apoiada excessivamente em efeitos especiais e piadas prontas.
O Apanhador de Sonhos (2003)
Stephen King é outro autor cujos sucessos literários tendem a render adaptações muito boas ou muito, muito ruins. “O Apanhador de Sonhos” cai para o segundo lado, falhando em captar a atmosfera sinistra do romance e chamando mais atenção pela escatologia do que pela história em si.
O Retrato de Dorian Gray (2009)
“O Retrato Dorian Gray” é um filme divertido, mas meramente superficial se comparado à obra original de Oscar Wilde. Toda a intensidade da transformação de Gray e o clima de mistério do texto de Wilde se perdem numa produção mais preocupada com o visual do que com o conteúdo.
Extremamente Alto e Incrivelmente Perto (2011)
Um livro como o de Jonathan Safran Foer jamais deveria ter sido convertido num filme, muito menos num melodrama hollywoodiano padrão, com Tom Hanks e Sandra Bullock estampando o pôster. O livro, para começar, nem dá tanta atenção aos personagens desses atores, e tem uma linguagem experimental que necessariamente se perderia em qualquer adaptação.
Eu, Robô (2004)
“Eu Robô” não é um filme ruim, apenas não pode ser chamado de adaptação. Enquanto o livro de Isaac Asimov documenta a evolução dos robôs em capítulos independentes, tendo como personagens centrais uma dupla de astronautas engenheiros e uma robopsicóloga, o filme narra a história de um único robô (que não corresponde a nenhum dos modelos descritos no livro) e é liderado por um policial. Para piorar, a robopsicóloga é reduzida a seu interesse amoroso.
Guia do Mochileiro das Galáxias (2005)
Para uma obra inadaptável como é a série mais famosa de Douglas Adams, até que a versão cinematográfica de “Guia do Mochileiro das Galáxias” não ficou tão ruim. O problema é que, apesar do caráter nonsense dos livros ser mantido, a maioria das piadas (muitas delas baseadas em jogos de palavras) perdem a graça quando transpostas para a tela.
Alice no País das Maravilhas (2010)
Há quem goste da versão de Tim Burton para a obra de Lewis Carroll, mas a verdade é que, como em “Guia do Mochileiro das Galáxias”, o livro tem como característica mais marcante o uso inusitado da linguagem, o que se perde totalmente no filme. Além disso, a narrativa de Carroll não é tão linear e heroica quanto a que se constrói nos cinemas.
Fahrenheit 451 (1966)
Chame de heresia, mas a adaptação de François Truffaut para o romance distópico de Ray Bradbury parece brincadeira de criança perto da obra original. O filme é visualmente magnífico, carregado de um estilo sessentista-futurista, mas a crítica social contida no livro fica perdida entre efeitos pirotécnicos e romances superficiais.
A Letra Escarlate (1995)
O romance de Nathaniel Hawthorne foi aclamado como um estudo profundo da submissão e da severidade das normas sociais no século XVII, mas o filme, com Demi Moore e Gary Oldman, segue outro caminho. Depois de exagerar no melodrama e apostar na sensualidade da protagonista para agradar ao público, ele encerra com uma cena que não apenas não existe no original como não faria nenhum sentido no livro.
A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005)
Enquanto o livro de Roald Dahl é um clássico infantil, que alguns dizem ter um tom sombrio e sarcástico em relação às crianças e que transporta o leitor cuidadosamente para o universo gastronômico de uma fábrica de chocolate, o filme de Tim Burton soa, em quase todos os sentidos, falso. As cores parecem falsas, os personagens são tão extremos que parecem falsos (Willy Wonka em especial) e, o que é pior, até o chocolate parece falso. Sem contar as canções, que dispensam comentários.
O Planeta dos Macacos (2001)
Como o leitor já deve ter notado, Tim Burton não é exatamente o melhor diretor para cuidar de uma adaptação. No caso de “O Planeta dos Macacos”, nenhuma das versões cinematográficas chegou a ser realmente fiel ao livro de Pierre Boulle (), mas a maioria dos filmes, pelo menos, trouxe algo de especial e empolgante para o público, exceto esta. Apesar das longas sessões de maquiagem e do cuidado minucioso com figurinos e cenários, o roteiro é cansativo e a atuação do protagonista, Mark Wahlberg, é lamentável.
A Reconquista (2000)
Considerado por críticos como um dos piores filmes já lançados, “A Reconquista” (também conhecido pelo nome original, “Battlefield Earth”) não tinha muito potencial desde o início – afinal, o livro já não tinha muito prestígio e o fato de ter sido escrito pelo fundador da Cientologia, L. Ron Hubbard, não ajudava. Ainda assim, a obra tinha seus fãs, ao contrário do longa: “Não é meramente ruim, é desagradável de uma forma hostil”, escreveu Roger Ebert. Elvis Mitchell, do New York Times, pisou ainda mais fundo: “E depois de 20 minutos desse filme amador, extinção já não soa como uma ideia tão ruim”.
Anna Karenina (2012)
Apesar de impecável nos quesitos figurino, fotografia e cenografia (com truques que imitam o teatro e dão um charme à produção), a adaptação do clássico russo por Joe Wright peca na escolha do elenco. Keira Knightley exagera na performance e cria uma Anna Karenina afetada e irritante, por quem não é possível sentir nenhum tipo de empatia. O mesmo vale Jude Law, que vive um marido insosso e inexpressivo. No final, a famosa cena do trem chega como um alívio às duas horas de tortura.
Por Juliana Varella
Atualizado em 26 Ago 2015.