O cinema brasileiro vive uma grande fase, com lançamentos cada vez mais numerosos e bilheterias cada vez mais altas, arriscando-se em gêneros muito além da comédia e do drama social. Se você ainda não deu uma chance para os filmes nacionais, é hora de conhecer o que já foi feito de mais interessante por aqui e abrir seus olhos para um cinema que, de monótono, não tem nada.
Clássicos ou contemporâneos, confira 30 filmes brasileiros que você precisa assistir:
As Boas Maneiras (2017)
Lançado, por enquanto, apenas em festivais, e prometido para estrear no circuito em 2018, “As Boas Maneiras” é um trabalho conjunto de Juliana Rojas e Marco Dutra que traz uma protagonista chamada Clara (Isabél Zuaa). Ela vive na periferia de São Paulo e é contratada para trabalhar como babá para uma mulher (Marjorie Estiano) rica, porém solitária, que enfrenta uma gravidez complicada. Aos poucos, as duas desenvolvem um forte vínculo, mas Clara começa a notar um padrão sinistro no comportamento da patroa e precisa fazer uma escolha que mudará sua vida.
Bingo – O Rei das Manhãs (2017)
A história real do palhaço mais polêmico da televisão brasileira, Bozo, é contada neste drama adulto dirigido pelo montador Daniel Rezende (“Tropa de Elite”). Vladimir Brichta interpreta o homem por trás da maquiagem e dos cabelos azuis, que alcançou a fama nos anos 80, mas, por uma cláusula no contrato, jamais pôde ser reconhecido por sua verdadeira identidade.
O Silêncio do Céu (2016)
Após ser vítima de um estupro dentro de sua própria casa, Diana (Carolina Dieckmann) escolhe manter o trauma em segredo. Mario (Leonardo Sbaraglia), seu marido, também tem algo a esconder. O silêncio que toma conta do casal ao longo dos dias se transforma, aos poucos, em uma peculiar forma de violência.
Aquarius (2016)
Indicado à Palma de Ouro, o longa de Kléber Mendonça Filho (“O Som ao Redor”) traz Sônia Braga no papel de uma viúva, crítica musical, que é a última moradora de um antigo edifício e tenta resistir às investidas de uma companhia que já comprou todos os outros terrenos à sua volta.
De Onde Eu Te Vejo (2016)
Fechando um ciclo recente de romances cotidianos, está “De Onde Eu Te Vejo”, longa de Luiz Villaça sobre um casal adulto que se separa, mas continua vivendo em apartamentos vizinhos. O filme se destaca por apostar em protagonistas fora da faixa etária padrão de 20 a 30 anos (ou menos) e, além dos personagens, também trabalha a cidade como protagonista, com atenção especial à arquitetura.
Que Horas Ela Volta? (2015)
Premiado em Berlim e Sundance, “Que Horas Ela Volta?” reforçou o discurso do conflito de classes com um detalhe inovador, trazendo uma personagem pobre que estuda para passar numa universidade conceituada enquanto se hospeda na casa onde sua mãe trabalha como empregada. O tema não é novo, mas a ideia de uma juventude mais antenada e consciente de seus direitos ganhou peso e conquistou o público e a crítica.
Hoje eu Quero Voltar Sozinho (2014)
Representante brasileiro no Oscar 2015 (que ainda não divulgou a lista definitiva), “Hoje eu Quero Voltar Sozinho” escolhe um caminho diferente dos dois anteriores: o romance adolescente. O filme toca em dois temas polêmicos – a cegueira e a homossexualidade – mas o faz com naturalidade, desenhando uma história doce de amor e amizade com um tempero nostálgico.
O Lobo Atrás da Porta (2013)
Outro suspense recente, “O Lobo Atrás da Porta” coloca o espectador numa situação de tensão crescente, diante de personagens ambíguos e profundamente perturbados, que podem ou não terem sido responsáveis pelo sequestro de uma menininha. Baseado numa história real.
O Som ao Redor (2012)
Representante da “nova geração” de cineastas brasileiros, Kleber Mendonça Filho constrói um suspense contemporâneo sobre uma história que envolve heranças de um passado colonial e coronelista em Recife. O longa acompanha a chegada de uma empresa de segurança numa vizinhança de classe média, que começa a se enclausurar dentro de seus condomínios.
2 Coelhos (2012)
Afonso Poyart escolheu um caminho diferente de outros diretores brasileiros e decidiu arriscar num gênero quase exclusivamente hollywoodiano: a ação. Pois ele o fez tão bem que seu filme seguinte, “Presságios de Um Crime”, seria rodado nos Estados Unidos, com participação de Anthony Hopkins. “2 Coelhos”, contudo, continua sendo seu maior sucesso, narrando a história de um homem que, depois de se livrar da cadeira graças a um político corrupto, elabora um plano sofisticado para fazer justiça à sua maneira.
Lixo Extraordinário (2011)
O documentário de 2011 mostra o trabalho do artista plástico brasileiro Vik Muniz em parceria com os catadores num lixão do Rio de Janeiro. O filme exalta o poder transformador da arte na vida daqueles trabalhadores e aproxima o espectador daquela realidade. Indicado ao Oscar de Melhor Documentário.
Tropa de Elite 2 (2010)
A sequência de “Tropa” é dona da maior bilheteria nacional da História, e deve seu sucesso em parte à repercussão do filme de 2007. Diferente daquele, este transfere o foco da luta entre traficantes e policiais para a luta entre policiais e políticos corruptos. A mensagem ressoou a insatisfação popular, não apenas com o governo carioca, mas com toda a classe política. Não é difícil encontrar paralelos entre a bilheteria deste filme e as manifestações de junho de 2013.
Tropa de Elite (2007)
Fenômeno no cinema brasileiro antes mesmo de estrear, “Tropa de Elite” elevou Wagner Moura ao status de celebridade internacional e repetiu o feito de “Cidade de Deus”: fazer uma denúncia da violência nos morros cariocas sem abrir mão de um estilo narrativo sofisticado. O filme não teve tanta bilheteria quanto seu sucessor (em parte por causa da pirataria), mas venceu o Urso de Ouro em Berlim.
O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (2006)
Durante a Copa do Mundo de 1970, os pais de Mauro dizem ao filho que vão sair de férias, mas na verdade estão saindo do país para escapar da repressão na ditadura militar. Sem entender, o garoto de 12 anos acaba indo morar com um judeu solitário em seu prédio em São Paulo. Indicado ao Urso de Ouro.
O Cheiro do Ralo (2006)
Baseado no livro homônimo de Lorenço Mutarelli, o filme capricha no humor negro e conta a história de Lourenço (Selton Mello), o dono de uma loja que compra objetos usados de pessoas passando por necessidades financeiras. Acostumado a explorá-las friamente, ele começa a ser incomodado por um cheiro que vem do ralo e sua relação com os clientes começa a tomar outro rumo.
Lisbela e o Prisioneiro (2003)
Do mesmo diretor de “O Auto da Compadecida”, “Lisbela e o Prisioneiro” segue o mesmo estilo teatral, adaptando a peça de Osman Lins. Arraes tece uma fábula romântica sobre um malandro conquistador e uma mocinha sonhadora, que rege sua vida de acordo com os filmes de Hollywood.
Carandiru (2003)
Nem é preciso ser paulistano para compreender o horror que foi conviver com o presídio do Carandiru, suas revoltas e suas chacinas rotineiras. No filme, baseado no livro “Estação Carandiru” de Dráuzio Varella, acompanhamos as vidas de alguns detentos, conhecidos pelo médico durante uma campanha de prevenção à AIDS. Indicado à Palma de Ouro.
Cidade de Deus (2002)
Indicado a quatro Oscars, “Cidade de Deus” é provavelmente o filme brasileiro mais conhecido fora do país. Com uma linguagem de câmera inovadora e a escolha de parte do elenco amador, o filme ganha liberdade e agilidade para contar a história de dois garotos no morro do Rio de Janeiro: um, cresce para se tornar fotógrafo; o outro, chefe do tráfico.
Edifício Master (2002)
O cinema brasileiro sempre teve um pé no documentário e um de seus maiores representantes foi Coutinho. Com “Edifício Master”, o diretor conseguiu levar o gênero ao grande público, que se encantou com as histórias íntimas e curiosas dos moradores de um grande edifício carioca.
Madame Satã (2002)
O filme de Karim Ainouz conta a vida do famoso personagem da boemia carioca. O travesti João Francisco dos Santos tirou seu nome de um filme de Cecil B. de Mille, foi para a cadeia por matar um bêbado e ainda era capoeirista e cozinheiro. O elenco tem Lázaro Ramos, Marcélia Cartaxo e Emiliano Queiroz.
Lavoura Arcaica (2001)
“Lavoura Arcaica” é um filme longo, de fôlego, que ocupa mais de 2h30 para adaptar o livro de Raduan Nassar para as telas. Selton Mello é André, um dos filhos de uma família rural que se saiu diferente dos outros: ele não se conforma com a vida agrária, nem com a rígida moralidade do pai, e vive em conflito com os próprios impulsos sexuais. O filme explora, ainda, a noção do tempo: lento e paciente para o pai, acelerado e pulsante para o filho.
O Invasor (2001)
Adaptação do livro de Marçal Aquino, “O Invasor” é um thriller de suspense que marca uma nova fase do cinema nacional, com temas e linguagens mais universais. Três sócios, amigos de longa data, entram em conflito e dois deles (Marco Ricca e Alexandre Borges) decidem contratar um matador de aluguel (Paulo Miklos) para acabar com o colega. Esse assassino, porém, acaba se involvendo mais do que o combinado nas vidas dos empresários e de suas famílias.
O Auto da Compadecida (Guel Arraes, 2000)
Queridinho do público brasileiro, este filme-teatro inspirado na obra de Ariano Suassuna reune a poderosa dupla formada por Matheus Nachtergaele e Selton Mello. Os dois são pequenos golpistas que lutam para sobreviver no sertão nordestino, até que se envolvem com um perigoso cangaceiro. Eventualmente, eles terão que lidar com Deus, o Diabo e a Virgem Maria.
Central do Brasil (1998)
Um dos filmes nacionais mais famosos e respeitados (no Brasil e no mundo), “Central do Brasil” foi vencedor do Urso de Ouro em Berlim e teve duas indicações ao Oscar (Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Atriz). Fernanda Montenegro é a estrela desse drama sobre uma mulher e um menino que viajam, unidos pelo acaso.
O Que é Isso, Companheiro? (1997)
Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e ao Urso de Ouro de Berlim, o longa de Barreto conta a história verídica do sequestro do embaixador dos Estados Unidos por militantes contrários à ditadura. O filme adota diferentes pontos de vista, num roteiro mais ficcional do que documental, e traz Fernanda Torres, Pedro Cardoso e Luiz Fernando Guimarães no elenco.
Dona Flor e seus Dois Maridos (1976)
Símbolo máximo da comédia nacional, “Dona Flor” foi o filme brasileiro mais assistido de todos os tempos por mais de 30 anos (com mais de 10 milhões de espectadores), até ser ultrapassado por Tropa de Elite 2 em 2010. O longa é baseado no romance de Jorge Amado e traz Sônia Braga, José Wilker e Mauro Mendonça como um triângulo amoroso.
O Dragão da Maldade Contra o Santo guerreiro (1969)
Glauber Rocha divide opiniões e, se foi um dos diretores mais importantes na história do cinema nacional, também é um dos mais impopulares entre os cinéfilos mais jovens. De qualquer forma, é preciso conhecer pelo menos um de seus filmes: vá de “Dragão da Maldade”, filme que rendeu ao artista o prêmio de Melhor Diretor em Cannes.
À Meia-Noite Levarei Sua Alma (1964)
O sádico e cruel coveiro Zé do Caixão pretende gerar um filho perfeito para dar continuidade ao seu sangue. Mas sua mulher não consegue engravidar e ele acaba violentando a mulher do seu melhor amigo. A moça violentada pelo coveiro quer se suicidar para regressar do mundo dos mortos e levar a alma de Zé do Caixão.
Vidas Secas (1963)
A adaptação do clássico de Graciliano Ramos ganhou uma indicação à Palma de Ouro e se tornou um marco do Cinema Novo. Em preto-e-branco, “Vidas Secas” narra a história de uma família no sertão nordestino, que lida diariamente com a fome, a sede e a morte.
O Pagador de Promessas (1962)
Único vencedor brasileiro da Palma de Ouro em Cannes até hoje, e indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, “O Pagador de Promessas” é uma adaptação da peça homônima de Dias Gomes. Leonardo Villar interpreta Zé do Burro, um homem simples que faz uma promessa num terreiro de Candomblé de carregar uma cruz para salvar seu burro, mas enfrenta o descontentamento da Igreja Católica.
Por Juliana Varella
Atualizado em 19 Jan 2018.