Um dos mais aclamados e mais antigos cineastas em atividade é o polonês Roman Polanski. Aos 80 anos, completos no dia 18 de agosto de 2013, Polanski nunca deixou de ser uma figura controversa – seja nas telas, seja fora delas –, mas a qualidade e o perfeccionismo de seus filmes lhe garantiram lugar cativo entre os favoritos da crítica.
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Perseguido por nazistas na infância, tendo perdido a mãe em Auschwitz e uma das esposas num massacre amplamente noticiado na TV, o diretor ainda enfrentou a polícia americana ao protagonizar uma polêmica envolvendo uma garota de 13 anos no final dos anos 70. Fugido para a França, Polanski voltou a ser procurado pela justiça americana apenas em 2009, e preso enquanto filmava O Escritor Fantasma.
Conheça oito filmes essenciais para compreender a carreira de Roman Polanski:
Repulsa ao Sexo (1965)
Catherine Deneuve protagoniza um dos filmes mais importantes da carreira do diretor, que viria a revisar o tema da loucura e da repressão em diversos trabalhos posteriores. Em “Repulsa ao Sexo”, Polanski explora as tensões de uma jovem sexualmente reprimida, que convive com as aventuras sexuais da irmã e se imagina perseguida por olhos luxuriosos nas ruas. Quando a irmã viaja, a personagem se deixa dominar pelo medo e entra num estado delirante e assustador.Armadilha do Destino (1966)
Outro tema constante nos filmes de Polanski será a claustrofobia, com histórias inteiras rodadas num único ambiente fechado e a sensação de prisão – pelos códigos sociais ou por outras pessoas. Em “Armadilha do Destino” (Cul-de-Sac, no original), um casal disfuncional é feito refém de dois assaltantes, que fugiam da polícia e se acidentaram no caminho. Enquanto esperam o resgate de outro gângster, os criminosos e os moradores da casa revelam suas loucuras e futilidades, transformando a situação de terror numa paródia dos comportamentos humanos.O Bebê de Rosemary (1968)
Apesar de sempre flertar com o estilo, Polanski só foi mergulhar no terror em 1968, com este que se tornou um dos maiores clássicos da história do terror. Rosemary (Mia Farrow) e seu marido se mudam para um novo prédio, onde ela se sente observada e desconfia dos vizinhos. Aos poucos, sua desconfiança vai dando espaço a alucinações e ela acredita estar sendo alvo de uma seita, que trama para que ela dê à luz um bebê demoníaco.Chinatown (1974)
Polanski foi muitas vezes comparado a Alfred Hitchcock por seus thrillers de suspense e pelo formado ziguezagueante de seus roteiros. Em “Chinatown”, a semelhança é ainda mais evidente. Jack Nicholson vive um detetive especializado em relacionamentos, que se vê envolvido num esquema de corrupção quando a sra. Mulwray (Faye Dunaway) o contrata para investigar seu marido. A situação se complica quando ele descobre que aquela não era a sra. Mulwray, e outras verdades começam a se revelar, confundindo o detetive e o espectador.O Inquilino (1976)
Depois de “O Bebê de Rosemary”, a sensação de estar sendo observado volta a guiar um suspense do cineasta polonês, assim como o tema da loucura. Em “O Inquilino”, o próprio diretor assume o papel do homem que aluga um apartamento e se torna alvo dos novos vizinhos. Desta vez, o personagem descobre que a antiga moradora cometera suicídio e torna-se obcecado pela história.Tess – Uma Lição de Vida (1979)
Depois do escândalo envolvendo uma menor, é difícil acreditar que o diretor tenha escolhido justamente esse assunto para seu próximo filme. Em “Tess”, Natassja Kinski vive uma adolescente de família miserável, que aceita se envolver com um suposto primo rico para sustentar a família. Os valores éticos, como é comum na obra de Polanski, são questionados a todo momento, e o público não sabe ao certo se deve torcer pela moça. Baseado no livro de Thomas Hardy.O Pianista (2002)
Depois de muitos anos sem abordar os traumas do nazismo, Polanski se arriscou num drama mais pessoal em 2002, com a adaptação da autobiografia de Wladyslaw Szpilma. Também polonês, Wladyslaw foi um pianista de família rica, que acreditou que poderia continuar sua vida normalmente mesmo durante a invasão alemã. Aos poucos, ele perde a família e a casa e se torna um fugitivo. “O Pianista” venceu o Oscar de melhor diretor, mas Polanski não pôde recebê-lo por causa do exílio.Deus da Carnificina (2011)
O mais recente sucesso do diretor veio, curiosamente, de uma comédia. Adaptação da peça teatral de mesmo nome, “Deus da Carnificina” retoma os temas da claustrofobia, amoralidade e loucura. Passado quase inteiramente num único cômodo, o filme traz dois casais que se reúnem para discutir “civilizadamente” uma briga que acontecera entre seus filhos, e que logo perdem a cabeça.Por Juliana Varella
Atualizado em 18 Ago 2013.