Guia da Semana

Todos os anos, algumas centenas de produções saem do papel e chegam aos cinemas brasileiros. Umas, têm a sorte de cair no gosto do público e acabam ficando várias semanas em cartaz, saem em capas de revistas, viram conversas de bar. Outras, desaparecem discretamente como uma miragem. Algumas ainda mais desafortunadas são lançadas apenas em DVD - ou nem isso, dependem da pirataria online para serem vistas pelo público tupiniquim.

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Em 2013, algumas pérolas passaram (quase) despercebidas por aqui, mas merecem uma segunda chance. O Guia da semana listou 10 filmes que você pode não ter visto este ano. Anote:

A Maldição de Chucky

Para quem gosta de filmes de terror, o sexto longa com o boneco assassino é uma parada obrigatória. Dirigido por Don Mancini – criador do personagem em 1988 – “A Maldição de Chucky” mostra o brinquedo agindo nas mãos de duas meninas, uma delas paraplégica, e aniquilando aos poucos suas famílias. O filme foi lançado em DVD e Blu-ray.

O Homem de Gelo

Inspirado em fatos reais, o thriller de Ariel Vromen conta a história de um assassino profissional (interpretado por Michael Shannon), que mantém sua profissão em segredo enquanto, em casa, é um pai e marido impecável. Com Chris Evans, Winona Ryder e Ray Liotta, o filme chegou aqui direto no DVD.

O Fim do Mundo (The World’s End)

Não confunda: apesar de lançado no mesmo ano que outra comédia sobre o apocalipse, “O Fim do Mundo” tem humor britânico, mais ácido, já que é escrito por Simon Pegg e Edgar Wright, que também assina a direção. No filme, dos mesmos criadores de “Todo Mundo Quase Morto” e “Chumbo Grosso”, cinco amigos de infância se reúnem para relembrar seus dias “de glória” numa bebedeira homérica, quando descobrem uma invasão alienígena. O filme, infelizmente, não tem previsão de lançamento no Brasil.

Muito Barulho por Nada

Adaptar Shakespeare para os cinemas não é exatamente uma novidade, mas fazê-lo no intervalo das filmagens de "Os Vingadores", reunindo meia dúzia de amigos atores numa casa de veraneio é um feito. Joss Whedon filmou o clássico numa interpretação contemporânea, em preto e branco, e seu filme passou voando pelos cinemas brasileiros no início do ano.

Rota de Fuga

O nostálgico “Rota de Fuga” tinha tudo para dar certo: dois nomes que remetem diretamente à infância de grande parte do público (Arnold Schwarzenegger e Sylvester Stallone), sem a truculência de outro projeto semelhante, “Os Mercenários”. A trama, um pouco mais bem-humorada e centrada na fuga de uma prisão de segurança máxima, não prometia nada de novo, mas o carisma da dupla deveria segurar o conjunto. As críticas foram positivas – o problema é que os grandes veículos ignoraram o filme, que acabou retirado dos cinemas antes da hora. Conseguiu ver quem correu para a estreia.

A Caverna dos Sonhos Esquecidos

O documentário de Werner Herzog sobre a caverna de Chauvet Pont D’Arc, na França, pode ter sido amplamente comentado por críticos e acadêmicos no início do ano, mas quase ninguém se lembra dele. O motivo? Um tema específico demais: o retrato de pesquisas geológicas num local proibido para a maioria das pessoas “normais”, onde foram encontrados desenhos rupestres incrivelmente realistas. Além de permitir ao público conhecer esses trabalhos, o longa ainda trouxe o diferencial de ser filmado em 3D, de forma a proporcionar uma verdadeira “visita” à caverna.

A Parte dos Anjos

O novo filme de Ken Loach, uma comédia sobre jovens delinquentes sem perspectivas que decidem aproveitar uma oportunidade para ganhar muito dinheiro e dar um rumo às suas vidas, ficou limitado ao circuito alternativo e não ganhou grande divulgação. O diretor venceu o prêmio do júri em Cannes, em 2012, e o filme ainda levou dois troféus no Bafta – de melhor ator para Paul Brannigan e melhor roteiro para Paul Laverty.

Vocês Ainda Não Viram Nada!

O teatro é o objeto de investigação do diretor-mito Alain Resnais em seu novo filme, que teve passagem-relâmpago pelo circuito brasileiro no primeiro semestre de 2013. Em “Vocês ainda não viram nada!”, Resnais reúne um elenco de profissionais que (na vida real) já encenaram a peça “Eurídice e Orfeu” e agora retornam ao palco para reinterpretá-la, ao mesmo tempo em que julgam e se inspiram no trabalho de atores mais jovens.

Wrong

Não que “Wrong” não tenha tido sua chance, mas sabemos que comédias europeias surrealistas já chegam aqui fadadas a uma vida curta. “Wrong” não é um filme fácil, mas é tão adorável que fica difícil imaginar alguém que tenha saído do cinema entediado. Quentin Dupieux dá liberdade total à imaginação e faz chover no escritório, ou transforma uma discussão sobre o sumiço de um cão numa terapia de casal. Quando tiver a oportunidade, assista de coração aberto.

Eu, Anna

Há quanto tempo não se via um verdadeiro filme noir nos cinemas? Infelizmente, poucas pessoas conseguiram ver o novo thriller de Barnaby Southcombe, que estreou em poucos cinemas e sumiu do mapa rapidinho. Nele, Charlotte Rampling vive uma avó sensual, que se esforça para encontrar um novo homem a pedido da filha, mas não se sente muito confortável com a missão. Ah! E ela pode estar envolvida com um assassinato, é claro. A sensação de perigo vai crescendo lentamente e faz deste filme um dos melhores do gênero no último ano. Quem não quiser esperar pelo DVD pode procurar pelo livro, de mesmo nome, escrito por Elsa Lewin.

Por Juliana Varella

Atualizado em 22 Nov 2013.