O terceiro filme da saga Jogos Vorazes finalmente chegou aos cinemas, matando a saudade de fãs e quebrando recordes de bilheteria (sendo a maior abertura do ano nos Estados Unidos e no Brasil), como já era esperado. Por alguma razão, contudo, “A Esperança (Parte 1)” ficou aquém dos números de seus antecessores e vem sendo recebido com um misto de êxtase e decepção pelo público e pela crítica.
Para compreender melhor o que está causando a polêmica, o Guia da Semana selecionou 5 motivos para você amar o novo filme e 5 motivos para odiar. Só não vale ficar em cima do muro!
Confira:
Motivos para amar:
1. Mais sombrio
A primeira parte de “A Esperança” tem um tom completamente diferente dos dois filmes anteriores: é mais sombrio, mais escuro e mais tenso. Quase toda a história se passa dentro de uma fortaleza subterrânea e não vemos mais a natureza exuberante das arenas dos Jogos Vorazes. Aqui, o conflito entre rebeldes e a Capital se torna explícito e não há mais a moda, a fofoca ou o programa de auditório para desviar as atenções. A sensação é de que a guerra está para começar... E que muita gente vai morrer.
2. Mais atual
Ver um grupo de jovens se matar para ganhar um reality show soava como uma grande metáfora dos valores contemporâneos, mas não era algo que conversava diretamente com nossa vida atual. Desta vez, porém, o filme nos mostra a construção de uma narrativa publicitária, passo-a-passo, por meio de vídeos, jingles (no caso uma canção melancólica) e discursos planejados. Essa realidade é bastante palpável e levanta questões sobre nossa percepção mediada do mundo, de campanhas eleitorais a propagandas de iogurtes.
3. Mais Jennifer Lawrence
De 2012 para cá, Jennifer Lawrence e Katniss Everdeen cresceram muito. Jenny ganhou um Oscar, trabalhou com outros diretores e ganhou experiência em papéis bastante emocionais. Já sua personagem, Katniss, ganhou profundidade: de irmã mais velha tentando sobreviver no primeiro filme, ela agora é líder de uma revolução e suas expressões variam sutilmente do desgosto com a guerra até o alívio ao ver o colega vivo, passando por raiva, desespero, desconfiança e outras dezenas de sentimentos, quase todos amargos.
4. Menos (e melhor) Josh Hutcherson
Peeta Mellark, o irritante par romântico de Katniss nos dois primeiros filmes, é uma espécie de fantasma em “A Esperança”. O garoto vivido por Josh Hutcherson aparece quase exclusivamente em clipes gravados pela Capital, em doses muito menores que nos outros episódios. Além disso, o personagem está mais maduro e complexo, longe do garotinho medroso que conhecemos até aqui.
5. Cena do hospital
O filme não tem muitas cenas de ação, mas esta sequência é memorável. Não contaremos nada para não estragar a surpresa.
Motivos para odiar:
1. Final dividido (e mal cortado)
Essa moda dos finais divididos em dois filmes (ou dos livros curtos esmigalhados em três) não agradou ninguém, exceto os produtores. Para o público, uma história que poderia muito bem render um único longa eletrizante acaba perdendo ritmo, ganhando diálogos desnecessários e obrigando os fãs a esperarem mais um ano pelo desfecho. Como se não bastasse, o final de “A Esperança” é cortado no ponto errado, explicando demais a situação e deixando pouca ou nenhuma curiosidade para segurar o espectador.
2. Discurso de Finnick
Sério, o que foi aquilo? Não revelaremos spoilers, mas há uma cena em que Finnick (Sam Claflin) proclama um discurso revelando diversos segredos de si e do presidente Snow. O problema é que essa confissão chega num momento inesperado do filme e é ofuscada por uma ação paralela, ficando perdida e sem contexto.
3. Excesso de didatismo
Já entendemos que há um governo totalitário, sustentado por distritos pobres e escravizados. Já entendemos que há uma revolução popular se levantando desde que Katniss deu o exemplo, mudando as regras dos Jogos Vorazes. Mas precisa colocar tudo isso de forma tão mastigada para o público? Essa é uma das consequências de um final dividido e esticado.
4. Presidente Alma Coin
Nós amamos Julianne Moore. Achamos que ela é uma das atrizes mais versáteis e talentosas da atualidade. Mas... Sua personagem é tão sem-sal que ficamos pensando por que desperdiçaram um nome como esse no papel. A presidente do Distrito 13 é uma líder militar, pouco expressiva pelo menos até agora, que não parece representar a sede de vingança que o resto de seu distrito nutre pela Capital. Em outras palavras, talvez lhe falte sangue nos olhos.
5. Ação em migalhas
Este não é um filme de ação – o que não é ruim, mas decepciona quem assistiu aos outros capítulos por causa da violência dos Jogos. Para piorar, o início de “A Esperança” tem uma sequência de ação de dar água na boca, como se dissesse “aguarde, que o último filme será mais ou menos assim”.
Por Juliana Varella
Atualizado em 30 Nov 2014.