Didier e Elise se apaixonam intensamente e têm uma filha, Maybelle. Aos seis anos de idade, ela descobre um câncer. É exatamente desse ponto que parte o belga The Broken Circle Breakdown – rebatizado de Alabama Monroe em alguns países e que chega ao Brasil nesta sexta-feira. O filme parte de um drama familiar profundo para mirar outros temas como o imperialismo cultural americano e o ateísmo.
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Quase nos esquecemos de que a história se passa na Bélgica, e não nos Estados Unidos, tamanha a adoração ao vizinho anglófono: os protagonistas são um cowboy que canta em inglês e sonha em viver na “América” e uma tatuadora de estilo pin-up.
Aos poucos, descobrimos que Elise também sabe cantar. Ela vai conquistando espaço na banda do futuro marido até ocupar o microfone central. Essa aproximação cria uma família ampliada para a pequena Maybelle, enquanto aumenta ainda mais a devoção de Didier e a (aparente) independência da esposa.
Essa relação desequilibrada se mantém durante todo o drama, deixando indícios de que aquela vida conjugal jamais poderá ser feliz. Logo percebemos também o conflito entre a religiosidade dela e o ateísmo dele – tão radical que nem se permite inventar fantasias para tranquilizar sua filha pequena.
As convicções de Didier são seus pilares – por isso, quando ouve que o governo americano boicotara pesquisas científicas em nome de valores cristãos, seu equilíbrio se desfaz e explode a intolerância religiosa.
Para contar essa história de paixão e tragédia, os roteiristas optaram por uma narrativa nem um pouco linear. Saltamos do clímax para o início do romance, de volta para o hospital e de volta para algum momento da vida a dois, depois a três, entre a felicidade (um tanto exagerada) e a crise (idem); entre os sorrisos da criança e as lágrimas histéricas de seus pais.
A presença de questões políticas e religiosas mostra uma tentativa quase desesperada do diretor Felix Van Groeningene trazer algo novo ao clichê da criança enferma – tentativa essa que soa deslocada e funcionaria melhor em filmes separados.
A verdade é que o que sustenta Alabama Monroe são as canções e a pequena Nell Cattrysse, atriz que vive a sempre sorridente Maybelle e que emocionará até os espectadores mais durões. Quanto a Elise (Veerle Baetens) e Didier (Johan Heldenbergh), sua história de amor não empolga e poderia ter ficado em segundo plano.
Assista se você:
- Gosta de filmes com histórias tristes
- Quer ver uma boa atriz mirim
- Gosta de música country estilo “bluegrass”
Não assista se você:
- Quer ver um filme alto astral
- Não quer ver cenas de uma criança doente
- Procura um filme romântico
Por Juliana Varella
Atualizado em 17 Jan 2014.