Não é de hoje que a premiação mais famosa da indústria do cinema tem sido, também, a mais polêmica. Marcado em outros anos por protestos de sindicados e por discursos feministas, o Oscar parece já ter definido sua pauta para 2016: diversidade racial.
Se, em 2015, a hashtag #OscarSoWhite (Oscar tão branco) já havia se popularizado, em 2016 ela voltou com tudo, assim que os indicados foram anunciados. Entre os 20 candidatos nas categorias de atuação, todos são caucasianos (não há nem mesmo hispânicos ou asiáticos) e, mesmo entre filmes com protagonistas negros, os únicos indicados foram artistas brancos (Sylvester Stallone por “Creed – Nascido Para Lutar” e os roteiristas Jonathan Herman, Andrea Berloff, S. Leigh Savidge e Alan Wenkus, por “Straight Outta Compton”). Em 2015, Ava DuVernay, diretora do drama “Selma”, indicado a Melhor Filme, também ficou de fora da disputa.
Em resposta ao segundo ano consecutivo sem candidatos negros nas categorias principais da competição, artistas de Hollywood começaram a se pronunciar contra a cerimônia e, inclusive, a ameaçar um boicote. Spike Lee, cineasta conhecido por suas atitudes radicais, foi o primeiro a se manifestar. Jada Pinkett Smith (“Gotham”, “Matrix Reloaded”), depois de perguntar aos seus seguidores no Twitter se deveria fazer o mesmo, decidiu pelo boicote. A atriz ainda deixou uma indireta para o apresentador da festa, Chris Rock: “Não consigo pensar em ninguém melhor do que você para fazer esse trabalho”. Seria interessante se ele mencionasse a questão no palco.
Diante da polêmica, a Academia reagiu rapidamente. Cheryl Boone Isaacs, presidente da organização – uma mulher negra, vale notar – declarou-se “frustrada” pela falta de diversidade e prometeu “grandes mudanças” na composição da instituição, sem especificar quais mudanças seriam essas, nem como elas seriam feitas. Hoje, a Academia é composta majoritariamente por homens brancos nos seus 60 anos.
Por Juliana Varella
Atualizado em 26 Jan 2016.