Depois de lançar Homem de Ferro 3, Thor 2 e, fechando o ciclo, Capitão América 2, ficou claro que a Marvel vive um momento mais sombrio do que a brilhante e multicolorida fase Vingadores. Esses mesmos super-heróis que outrora lutavam, orgulhosos e sarcásticos, contra um mal bem definido, hoje se digladiam com as próprias consciências, enfrentam novos vilões, mais ambíguos e difusos, e não têm mais a mesma segurança de que estão fazendo a coisa certa. Nem nós, fãs novos ou antigos, sabemos ao certo o que nos aguarda daqui para a frente.
Chris Evans volta a vestir a desengonçada roupa azul e vermelha que marcou sua imagem de garoto-propaganda do governo americano pró-guerra no primeiro filme, tanto numa versão levemente melhorada quanto na original. O escudo, inseparável, rende ótimas sequências de ação, com o protagonista ainda mais forte e praticamente invencível.
Ação, aliás, é o que não falta no filme, que não poupou recursos e se mostrou determinado a tirar o fôlego do público em cenas como a da perseguição de Nick Fury (Samuel L. Jackson) num carro preto. Sim, Fury está de volta, assim como a Viúva Negra (Scarlett Johansson), Maria Hill (Cobie Smulders) e, é claro, o onipresente Stan Lee.
Também aparecem outras figuras conhecidas do filme anterior, como a quase-namorada de Rogers, Peggy, agora envelhecida perto dos seus 90 anos.
A trama se passa nos dias atuais: depois de ser descongelado e integrado à S.H.I.E.L.D. (como vimos em “Os Vingadores”), Steve Rogers se tornou uma espécie de espião-arma-secreta a serviço de Nick Fury. Os problemas começam quando Fury é atacado e avisa o herói que “ele não pode confiar em ninguém”. Especialmente, descobrimos, num dos chefes da S.H.I.E.L.D., Alexander Pierce (Robert Redford).
As complicações que poderiam vir dessa desconfiança geral nunca são propriamente exploradas, e nos parece bem claro desde o início quem são as pessoas confiáveis – incluindo o carismático Sam Wilson/Falcão (Anthony Mackie). Apesar disso, há algumas viradas interessantes que nos deixam bastante preocupados com o futuro da S.H.I.E.L.D. e, consequentemente, da série de TV que vem acompanhando o universo Marvel.
Além das ameaças internas, Capitão e seus aliados têm que enfrentar um desafio bem mais pontual: uma arma capaz de matar milhares de pessoas de uma vez, selecionadas por seu DNA. Supostamente, a máquina poderia calcular quem é mais propício a cometer delitos no futuro. Bem “Minority Report”, não?
A mania tecnológica não para por aí. O filme flerta com inteligência artificial, numa abordagem bastante alinhada com as tendências do cinema atual. O filme, porém, não se aprofunda (nem deveria) em nenhum desses pontos, e transfere para a figura do Soldado Invernal o verdadeiro risco – que, como em todo filme de super-herói, precisa se manifestar numa cena de luta corpo-a-corpo, não na teoria.
As linhas com o primeiro filme ainda são mais fortes do que as que conduzem ao próximo – ou aos próximos, considerando Capitão América 3 e Os Vingadores 2, ambos confirmados. Isso deixa no ar um sentimento misto de nostalgia e arrependimento, já que parece que muito foi em vão. Por outro lado, alguns ciclos se fecham, mesmo que alguns sejam apenas para confundir nossos heróis (tomarão caminhos diferentes agora?).
O que se abre é um leque de possibilidades, que começam a se afastar dos quadrinhos e a contagiar todo o universo cinemático Marvel. Daqui para a frente, tudo pode ser, se Stan Lee assim desejar.
Assista se você:
- É fã dos filmes da Marvel
- Gosta dos quadrinhos do Capitão América
- Gosta de filmes com cenas eletrizantes de ação
Não assista se você:
- Não gosta de filmes com super-heróis
- Não gosta de filmes de ação
- Procura um filme mais “cabeça”
Por Juliana Varella
Atualizado em 23 Abr 2014.