O Sonho de Wadjda, que estreia no dia 3 de maio, é o primeiro filme da Arábia Saudita a ser dirigido por uma mulher, com uma menina no papel principal e com homens e mulheres contracenando em algumas cenas sem burca. O país vem afrouxando as tradições quanto aos direitos femininos num ritmo lento, mas visível. No ano passado, o governo saudita permitiu que uma mulher participasse da delegação olímpica, por exigência do COI (Comitê Olímpico Internacional). Diante desse momento, O Sonho de Wadjda merece atenção como um documento histórico e como um chamado às mulheres árabes – o filme, afinal, deixa claro que a revolução sexual será feita por elas.
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Wadjda é uma menina agitada, que gosta de brincar, correr e jogar vídeo-game, ouve música alta e sonha em ter uma bicicleta. Bem diferente das outras meninas da sua idade (algo em torno dos 10 anos), ela não tem nenhuma pressa para casar, nem se incomoda em ser vista nas ruas com o rosto descoberto. Seu pai raramente aparece em casa, e jura amar sua mãe mesmo procurando outra noiva. A mãe, muito atraente, não deixa de respeitar o marido e se manter escondida dentro de casa ou sob a burca completa.
Quando uma competição sobre o Alcorão é anunciada na escola, Wadjda logo se anima para participar – assim, ela teria dinheiro para comprar sua bicicleta. O veículo era proibido para mulheres até o início deste ano, quando o governo saudita anunciou que permitiria a atividade apenas em certos lugares.
Sem apelar para o drama ou a violência, o filme de Haifaa Al Mansour traz uma história de amizade e determinação, com todas as questões feministas pinceladas com naturalidade, mostrando a realidade do país pelos olhos de quem vive ali. Olhos esses bem diferentes do que o público de Hollywood está acostumado, mas com agilidade narrativa e belas atuações. Para quem procura uma boa surpresa para o final de semana, esta é a pedida certa.
Por Juliana Varella
Atualizado em 29 Abr 2013.