Cinco anos depois de conquistar a atenção de críticos e jovens cinéfilos com seu longa de estreia, “Apenas o Fim”, Matheus Souza apresenta seu novo trabalho, do “auge” de seus 25 anos: “Eu não faço a menor ideia do que eu tô fazendo com a minha vida”.
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Como o título sugere, o filme acompanha uma garota (Clarice Falcão) perdida, que deixa o tempo passar enquanto espera que a vida resolva seus problemas,. Ela acabou de entrar na faculdade de medicina, mas secretamente vem trocando todas as aulas por partidas de boliche. Ela não sabe por quê, nem sabe se gosta ou não da profissão que escolheu – incentivada, é claro, por seu pai e todos os outros médicos na família. Apenas espera por uma inspiração.
As coisas começam a mudar para Clara e para todos à sua volta (igualmente perdidos) quando ela conhece Guilherme (Rodrigo Pandolfo), um estudante de Letras que sugere que ela comece a testar diferentes talentos ligados às profissões, como ajudar os outros ou construir alguma coisa.
A ideia parece um tanto fantasiosa, mas os resultados revelam pequenas coisas há muito tempo esquecidas, como a importância de um diálogo “tête-à-tête” ou o poder revelador de um tempo para, simplesmente, refletir e não fazer mais nada.
O diretor admite que, da mesma forma como se inspirou em Woody Allen para compor seu primeiro filme, este também traz referências pessoais do cinema, mas de uma herança mais adocicada, como o francês “Amélie Poulain”.
De fato, Clara é uma espécie de Amélie no sentido de se lançar numa missão absurda e de tentar fazer o bem aos outros – mas a personagem de Clarice é brasileira demais e jovem demais para ser uma Amélie.
Seus dilemas são os mesmos de toda uma geração que começa a questionar a validade de uma faculdade e de um vestibular, e que inventa novas profissões para poder continuar fazendo o que gosta enquanto trabalha, já que vê a infelicidade em seus pais e avôs. Curiosamente, esta também é a geração que tenta resgatar valores rejeitados por ela mesma até poucos anos atrás, como a família, o tato, o carinho, a sinceridade.
Clara ainda é quase uma criança, sem o senso de responsabilidade que poderia tirar dela esse momento de experimentação. Por isso, “Eu não faço...” tem a leveza de um filme adolescente, sem deixar de tocar em questões delicadas da vida adulta.
Para quem quer refletir um pouco sobre suas escolhas neste fim de ano, sem sair do cinema com um peso a mais nos ombros, este filme tem a dose certa. Se você espera, porém, por uma hora e meia de imagens e diálogos que vão mudar sua vida, esta não é sua sessão.
Assista se você:
- Gostou de “Apenas o Fim”
- É fã de Clarice Falcão
- Gosta de filmes leves, com uma provocação inocente
Não assista se você:
- Procura um filme mais denso
- Não vê graça no humor adolescente, carregado em ironia
- Não gostou de “Apenas o Fim”
Por Juliana Varella
Atualizado em 23 Dez 2013.