Há poucos anos, um filme como “Copa de Elite” não seria possível no Brasil. Sátira nos moldes de “Todo Mundo em Pânico” e “Inatividade Paranormal”, o longa de Vitor Brandt depende do sucesso de outros filmes nacionais para provocar o riso – e, para a surpresa de quem pensava que o cinema brasileiro ia de mal a pior, a lista de referências é bastante longa.
“Se eu Fosse Você”, “Tropa de Elite”, “De Pernas pro Ar” e “Chico Xavier” são apenas alguns dos longas facilmente identificáveis entre as piadas que constroem a comédia. Também se faz humor com celebridades (como Bruno de Luca, que interpreta ele mesmo), com a Copa do Mundo e com o Papa – nada ofensivo.
A equipe evitou a polêmica e pediu autorização a todos os diretores envolvidos. Também não mergulhou em questões políticas, mesmo abordando o campeonato num momento de tanto conflito. A única crítica mais ácida, ironicamente, diz respeito ao próprio cinema nacional – ridicularizado em dois momentos.
Num deles, um personagem afirma que não assiste a filmes brasileiros, pois têm muita “putaria e palavrão”. Seria uma piada, se o mesmo filme não dependesse tanto de palavrões para fazer seu humor. Já o sexo está contido: rende apenas algumas tiradas com vibradores e uma cena com uma estátua fálica que lembra “Laranja Mecânica”, de Kubrick.
Marcos Veras e Júlia Rabello comandam o elenco confortavelmente, sem afetações. Veras é Jorge Capitão, um oficial do BOP (sem o “E”) que perde o emprego depois de salvar o mais importante jogador da Argentina das mãos de traficantes. Quando descobre que o Papa virá ao Brasil, e que ele corre perigo, Capitão decide agir sem a ajuda das forças armadas.
No caminho, o protagonista conhece Bia Alpinistinha (Rabello), dona de um sex shop que se junta a ele na missão. Rafinha Bastos aparece mais caricato, no papel de um ator internacionalmente famoso. Anitta e Thammy Miranda também têm participações – bastante discretas, diga-se de passagem – e Alexandre Frota encarna simpaticamente a mãe de Capitão.
“Copa de Elite” não inova em termos de comédia – estão ali os velhos recursos dos tempos de Trapalhões, como anões agressivos, gays enrustidos, fantasmas, explosões e afins. Provavelmente, o filme não será lembrado pelo público como aqueles a que parodia. Mas esperem um ano: este é apenas o início de uma nova tendência no cinema nacional.
Assista se você:
- Gostou dos filmes parodiados
- Gosta de comédias nacionais
- Procura um filme leve para não pensar muito
Não assista se você:
- Não gosta de filmes ao estilo “Todo Mundo em Pânico”
- Não gosta de humor pastelão
- Procura uma comédia mais ácida
Por Juliana Varella
Atualizado em 15 Abr 2014.