Curioso para assistir ao novo suspense com Keanu Reeves? Pense de novo. “Bata Antes de Entrar”, que estreia nesta quinta-feira (1º de outubro), explora uma fantasia masculina com ecos de “Violência Gratuita” e “Laranja Mecânica”, mas sem Michael Haneke ou Stanley Kubrick para segurar a onda. No lugar, temos Eli Roth – diretor de um sucesso só (“O Albergue”), cujo trabalho mais polêmico é um filme sobre canibais passado na Amazônia (“The Green Inferno”).
Reeves interpreta Evan, um arquiteto casado e pai de dois filhos. Sua família é feliz, no estilo “propaganda de margarina”, e sua casa é narcisisticamente decorada com quadros dos próprios moradores e esculturas feitas pela esposa, uma artista plástica. Há uma tensão nas entrelinhas, sugerindo que Evan já a traiu com mulheres mais novas.
As coisas começam a esquentar quando a família vai viajar e ele fica sozinho em casa para terminar um trabalho. Na primeira noite, chove muito e duas garotas seminuas (Lorenza Izzo e Ana de Armas) tocam a campainha. O que se segue é uma sequência de diálogos dignos do mais previsível pornô. Mas esse é só o começo.
Os problemas só começam a aparecer na manhã seguinte, quando as meninas mudam radicalmente de comportamento e começam a ameaçar o anfitrião, destruindo sua casa, ameaçando denunciá-lo por abuso de menores e agindo como criancinhas mimadas. Um horror, no pior sentido da palavra.
Roth tenta inserir mensagens de moralidade e feminismo nas falas das garotas (que, afinal, seduzem o homem para provar que ele é um traidor), mas o conjunto do longa é tão machista e tão distante da realidade que fica difícil levar esse discurso a sério. Mais fácil pensar no filme como um trash da madrugada.
Por Juliana Varella
Atualizado em 7 Out 2015.