Em "Jauja", novo longa do premiado diretor Lisandro Alonso, um capitão dinamarquês (Viggo Mortensen) explora o deserto argentino em busca do paraíso que dá nome à história. No caminho, ao se dar conta do desaparecimento da filha, que fugira apaixonada ao lado de seu amante, ele parte em uma nova jornada, desta vez para encontrá-la.
Premiado dentro da seleção Un Certain Regard no último Festival de Cannes, "Jauja" tem em seu motor a ideia da busca - e em todos os sentidos que a palavra oferece. É que na medida em que o personagem de Mortensen adentra em sua trajetória, ele se perde em sua própria obsessão e percorremos, junto com ele, um labirinto sem saídas ou respostas.
Em meio às quase duas horas de longa, Alonso oferece uma narrativa lenta e com planos tão longos que chegam a fazer da fotografia parte da história. As cores e formato da tela, quadrada, remetem mais a uma tela de arte do que a um filme.
É preciso disposição (e paciência) para se entregar ao jogo proposto pelo diretor: o de um filme com interpretações abertas ao bel-prazer do espectador. O tom de fábula que o roteiro incorpora parece funcionar mais como uma carta branca para a abstração narrativa de Alonso do que uma provocação à zona de conforto que o filme causa. No final, "Jauja" pode ser uma experiência lúdica e recompensadora - basta decidir qual é a melhor forma de sentí-lo.
Por Ricardo Archilha
Atualizado em 23 Jun 2015.