Está chegando aos cinemas mais um filme da franquia X-Men. Em “X-Men: Apocalipse”, os heróis deverão se unir para impedir que o mais antigo e mais poderoso mutante – En Sabah Nur (Oscar Isaac) –, renascido após alguns milênios, destrua o mundo para construir um novo império.
Se a premissa soa um pouco infantil, espere só até ver e ouvir En Sabah Nur. Mais conhecido pelos fãs como Apocalipse (apesar de não ser chamado assim no filme), o personagem azul de feições rabugentas lembra o vilão Ronan, de Guardiões da Galáxia e, como ele, carrega uma única expressão eternizada pela maquiagem pesada. Já a voz é artificialmente cavernosa e, em alguns momentos, duplicada para parecer ainda menos natural. Um desperdício sem tamanho para um ator do calibre de Isaac.
O vilão, contudo, está longe de ser o único personagem mal resolvido do longa. Com a chegada de Ciclope (Tye Sheridan), Jean Grey (Sophie Turner) e Tempestade (Alexandra Shipp), apresentados aqui como jovens ainda aprendendo a lidar com seus poderes, é como se os X-Men nascessem de novo, agora em sua formação principal. Ou, pelo menos, é isso o que os fãs gostariam de ver – se a Mística de Jennifer Lawrence, o Magneto de Michael Fassbender e o onipresente Wolverine de Hugh Jackman não fossem investimentos tão mais valiosos para o estúdio.
Lawrence, cada vez mais, deixa de lado a personalidade misteriosa e o caráter dúbio de sua personagem para transformá-la numa versão mais militante de Katniss, a heroína que fez sua fama na franquia “Jogos Vorazes”. Já Fassbender, apesar da boa atuação, parece repetir o mesmo arco que viveu em todos os outros filmes da série, sendo responsável por grande parte dos desastres e tentando se redimir por isso nos minutos finais.
Entre os novos integrantes, Turner é a que mais se destaca, resgatando a credibilidade da personagem com uma atuação intensa, mas não afetada. Com apenas 20 anos, a atriz de Game of Thrones consegue dar a Jean Grey um ar de maturidade e autoconfiança que Famke Janssen, responsável pela mutante na trilogia antiga, jamais conseguira dar. É uma pena que a sequência que deveria ser seu clímax é conduzida de forma espalhafatosa, como a maior parte da ação no filme – mais preocupado com os efeitos visuais do que com os significados.
“X-Men: Apocalipse” sofre por insistir num modelo ultrapassado de blockbuster, baseado na combinação entre rostos conhecidos, poderes bacanas e muita destruição. Não que isso não agrade aos fãs, mas está longe de ser suficiente: hoje, o que se espera de qualquer filme com super-heróis são personagens bem desenvolvidos, uma trama que vá além do maniqueísmo óbvio e uma conexão consistente entre todos os filmes, no caso de um universo compartilhado.
Continuidade, entretanto, é justamente um dos maiores problemas da franquia X-Men. Apesar de pertencerem ao mesmo estúdio e estrelarem quase sempre os mesmos personagens, as linhas temporais frequentemente se contradizem e acabam confundindo a cabeça do espectador, especialmente após “Dias de Um Futuro Esquecido”. Quanto ao desenvolvimento dos personagens, é certo que um número tão grande de super-heróis não poderia render histórias pessoais tão bem acabadas, mas falta o mínimo de contexto para que o público se identifique com os novos personagens e se envolva com suas lutas.
Por fim, insistir na batalha do bem contra o mal sem trazer nada novo à mistura é uma jogada arriscada, especialmente num ano em que pelo menos sete adaptações de quadrinhos devem chegar aos cinemas – sendo que duas delas ainda estão em cartaz. “X-Men: Apocalipse” é dirigido por Bryan Singer e estreia no dia 19 de maio.
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Por Juliana Varella
Atualizado em 23 Mai 2016.