Um dos maiores nomes da Nouvelle Vague, Jean-Luc Godard não descansa - a sua filmografia soma mais de 100 filmes, incontáveis deles premiados em renomados festivais de cinema. Com 83 anos, o diretor continua ativo e a prova disso é o recente "Adeus à Linguagem". Vencedor do Grande Prêmio do Júri no último Festival de Cannes, o filme, com versões em 2D e 3D, estreia no Brasil na próxima quinta, 30 de julho.
Com a proposta de uma experiência imersiva e sensorial, "Adeus à Linguagem" teve as suas cenas captadas por cinco dispositivos e frames-rates diferentes, todas especialmente pensados para exibição em 3D. Realmente faz jus ao título. Assim como nos tempos da Nouvelle Vague, Godard continua a explorar as diversas linguagens cinematográficas, sejam sonoras, visuais ou da própria fala.
Durante os 70 minutos de longa, acompanhamos imagens desconexas que, aos poucos, constituem o enredo principal. As conversas despretensiosas de um casal levam a questionamentos que transitam entre a filosofia, o existencialismo e o social. Os diálogos são soltos (como de praxe) e remetem ao já conhecido estilo do diretor - é como reassistir "Viver a Vida" ou "O Demônio das Onze Horas", desta vez, com o olhar mediado por óculos 3D.
Com isso, Godard traz à tona a sua famigerada persona: uns a amam, outros a odeiam. Àqueles que apreciam a grande experimentação que é o cinema de arte, "Adeus à Linguagem" é um prato cheio. Caso contrário, encará-lo pode ser uma má ideia. De qualquer forma, o controverso cineasta (ora aplaudido, ora vaiado), continua a mostrar a sua capacidade de reinvenção, seja por si só, ou pelo cinema como um todo.
Por Ricardo Archilha
Atualizado em 13 Ago 2015.