Desde que David O. Russell anunciou que seu próximo projeto seria uma cinebiografia da criadora do “Miracle Mop” - um esfregão que se torce sozinho e que foi sucesso de vendas pela televisão nos anos 90 - os fãs do diretor e de sua protagonista favorita, Jennifer Lawrence, têm estado apreensivos. Não sem razão. “Joy”, que chega aos cinemas no dia 21 de janeiro, é uma obra confusa que não consegue encontrar o coração da história que escolheu contar.
O longa narra a trajetória de Joy (Lawrence) desde a infância até o sucesso como inventora e empresária, passando pelas dificuldades de percurso, pela descrença da família e por algumas brigas judiciais envolvendo o famoso esfregão. Falta foco, entretanto: Russell dá tanta atenção aos parentes excêntricos e aos problemas burocráticos que, quando ela finalmente sobe ao palco, seu momento é curto demais e logo ofuscado por novos obstáculos tediosos.
Bradley Cooper também repete a parceria com o diretor e a atriz – os três trabalharam juntos em “O Lado Bom da Vida” e “Trapaça” -, mas sua presença é mal aproveitada. Diretor de um canal de televisão, é ele que abre as portas para Joy, mas seu papel não chega a se desenvolver muito além disso. O próprio programa, que rende alguns dos melhores momentos do filme, poderia ser melhor explorado.
Lawrence, por sua vez, sofre na pele de uma personagem que não é nem carismática, nem coerente. Acelerada quando o momento pede calma e paralisada quando a cena pede ação, Joy é um eterno anti-clímax, superado apenas pela antipatia da personagem de Isabella Rossellini, que planta num de seus primeiros diálogos (sobre os quatro pré-requisitos para um empreendedor), uma semente que jamais será utilizada.
“Joy” pode ter sofrido com uma escolha ruim de tema, mas até mesmo uma história como a de Joy Mangano poderia ter se tornado atraente, se fossem selecionados apenas os momentos interessantes e estes, fossem bem trabalhados. Infelizmente, não é o caso.
Por Juliana Varella
Atualizado em 22 Jan 2016.