Já faz 19 anos que “Missão: Impossível” chegou aos cinemas com a proposta de levar os filmes de espionagem ao próximo nível – com as tecnologias mais inovadoras, as missões mais absurdas e a equipe mais carismática que o gênero poderia conceber. A cereja do bolo eram os pequenos elementos de mistério e tensão que pipocavam a cada sequência – agentes duplos, bombas em contagem regressiva, máscaras incríveis, mensagens que se autodestruíam em cinco segundos. No fim, Até James Bond ficou careta diante de Ethan Hunt e o mundo se acostumou a esperar por sua próxima aventura da mesma forma que esperava pelo enésimo 007.
Cinco filmes se passaram e o efeito-Cruise, ao que tudo indica, não se dissipou. Mesmo com episódios mais fracos e outros apenas satisfatórios, a expectativa se manteve alta e, agora, “Missão: Impossível – Nação Secreta” chega aos cinemas surpreendendo até os fãs mais otimistas, com o que vem se revelando uma das melhores aventuras de Hunt até agora.
A história não é assim tão complexa e, na verdade, você já viu isso antes: a IMF (Impossible Mission Force) é obrigada a encerrar as atividades depois de ser acusada de usar métodos “antiquados e não-ortodoxos”. Porém, Ethan Hunt (Tom Cruise) já estava mergulhado até os dentes numa missão (desmascarar uma organização secreta chamada “Sindicato”, que quer justamente extinguir a IMF) e decide continuar o trabalho sozinho, como um fugitivo. Logo, seus amigos se unem a ele para ajudar a recuperar a legitimidade do grupo.
Se o enredo em si não é novo, a forma como cada cena é construída garante que o espectador não olhará o relógio nem por um minuto. A sequência de introdução já prepara o terreno com uma combinação explosiva de ação, tensão e humor – com Hunt pendurado num avião em movimento. Já a cena seguinte traz o público de volta ao clima noir do primeiro filme, com ambientes escuros, diálogos ambíguos, instruções escondidas em lugares improváveis e uma armadilha inescapável. Está criado o suspense.
Como é tradição na franquia, uma nova personagem feminina é apresentada. Ilsa Faust (Rebecca Ferguson) é uma agente dupla, que está ao mesmo tempo do lado da Inteligência Britânica e do Sindicato – o que significa que ela pode ajudar Hunt num momento e, no outro, receber a ordem de matá-lo.
Faust é uma espécie de “Bond-girl” mais independente e muito mais relevante para o desenvolvimento da história. Habilidosa tanto com armas e artes marciais quanto com motos e computadores, ela é uma agente completa, como Hunt, e em nenhum momento é reduzida a interesse romântico do herói – aliás, o possível romance entre os dois fica totalmente em segundo plano.
Como certos hábitos não se perdem tão facilmente, porém, nem ela consegue fugir de alguma dose de sexismo: única mulher entre os protagonistas, ela aparece trocando de roupa numa cena e saindo da piscina, de biquíni, em outra. Para quebrar essa impressão ruim, os produtores poderiam considerar mantê-la para o próximo filme - já que nenhuma mulher de M:I participou de mais de um episódio até agora. Sua personagem é forte e interessante e seria um acréscimo positivo à equipe.
Ao lado da novata, “Nação Secreta” traz de volta alguns rostos conhecidos – Ving Rhames, no time desde 1996, e Jeremy Renner e Simon Pegg, que injetam um pouco mais de humor à franquia desde 2006. Alec Baldwin interpreta o chefe da CIA e Sean Harris é o vilão Solomon Lane (cujos métodos, para quem acompanha a série "Sherlock", poderão soar bastante familiares).
“Missão: Impossível – Nação Secreta” estreia nesta quinta, 13 de agosto, depois de ter a segunda melhor abertura da franquia nos EUA (atrás apenas de M:I 2). Para os fãs, o filme renova a promessa de encantamento que fizera quase vinte anos atrás: enquanto houver IMF, Tom Cruise continuará encarando missões cada vez mais impossíveis com planos cada vez mais irresistíveis ao lado de personagens cada vez mais inteligentes. Divirtam-se, crianças.
Por Juliana Varella
Atualizado em 17 Ago 2015.