O que acontece quando você combina o diretor e roteirista de uma das séries de maior sucesso na televisão americana com dois astros das comédias mais clichês de Hollywood? A julgar por “Para o que der e vier”, que estreia nesta quinta no Brasil, nada de bom.
O filme é escrito e dirigido por Matthew Weiner, da série Mad Men, e traz no elenco o sempre-conquistador Owen Wilson e o sempre-infantil Zach Galifianakis, mergulhados em suas zonas de conforto. Wilson “interpreta” Steve, um mulherengo que vive chapado e trabalha como “garoto do tempo” numa TV local. Já Galifianakis é Ben, um homem nos seus 30 anos que não tem emprego e tenta ser escritor, mas sofre com transtorno bipolar, age como uma criança selvagem e também não sabe o que é ficar sóbrio por mais de algumas horas.
Quando o pai de Ben morre, numa cidadezinha do interior, Steve o leva para reencontrar a família – em particular a irmã, Terry (Amy Poehler) e a viúva, Angela (Laura Ramsey). Depois de uma sequência de piadas sem graça sobre a vida sexual do idoso falecido com a jovem esposa, a leitura do testamento revela uma surpresa: todas as propriedades foram deixadas para Ben.
Certa de que seu irmão é incapaz de gerenciar qualquer coisa, Terry começa a pressioná-lo, levando a transformações que desequilibrarão a amizade entre Ben e Steve. A briga acaba envolvendo Angela, uma personagem que impressiona pela concentração de estereótipos femininos: bela, jovem, cuidadora, professora, sempre com um sorriso no rosto, dona-de-casa prendada e interesse sexual de três homens diferentes ao longo do filme.
“Para o que der e vier” tenta conciliar o humor escrachado do cinema com diálogos pseudo-intelectuais da televisão, mas não consegue encontrar o tom. Ao invés disso, o que o espectador encontra é um conjunto de comentários de mau gosto tecidos por personagens pouco interessantes, quando não absurdos. Não espere dar grandes risadas.
Por Juliana Varella
Atualizado em 29 Abr 2015.