Às vezes, o caminho mais óbvio é, simplesmente, o melhor. Determinados a aprenderem tudo o que pudessem sobre um dos maiores mestres (vivos) do cinema americano, dois jovens cineastas – um deles, inclusive, com um nome já em ascensão – decidiram ligar a câmera, pousá-la sobre um tripé, e ouvir.
O “mestre” em questão era Brian De Palma, os diretores eram Noah Baumbach e Jake Paltrow e o documentário resultante, um material obrigatório para qualquer amante de cinema chamado “De Palma”. Felizmente, o filme estreia nos cinemas de São Paulo e Fortaleza nesta quinta-feira, 24 de novembro, e deve chegar a outras cidades brasileiras nas próximas semanas.
“De Palma” pode ter um formato simples, mas seu conteúdo é muito bem planejado, conduzido por meio de um diálogo cuidadosamente amarrado entre os entrevistadores e o biografado. Intercalando cenas dos principais filmes do diretor com comentários sarcásticos e impagavelmente honestos, a dupla consegue traçar um percurso lógico por uma filmografia que, à primeira vista, poderia parecer desconectada.
Para fãs, é a chance de conhecer as referências, técnicas e curiosidades de bastidores de filmes como “Carrie, A Estranha”, “Vestida Para Matar”, “Scarface” e “Missão: Impossível” – se bem que o mais interessante são suas descrições dos projetos que não foram grandes sucessos de bilheteria. Para quem ainda não conhece tão bem o trabalho do diretor, a vontade é de assistir a todos os seus filmes, dos curtas mais bizarros aos longas mais comerciais, e também àqueles que ele cita como inspiração.
O grande trunfo do documentário é, sem dúvida, a desenvoltura do diretor. É a forma como ele parece “conversar” com Baumbach e Paltrow sobre a vida de cineasta, ao invés de palestrar orgulhosamente sobre sua carreira, e como revela seus fracassos e desavenças com o mesmo bom humor com que fala de seus sucessos, ou como comenta despretensiosamente sobre a amizade dos “cinco” (De Palma, Martin Scorsese, Steven Spielberg, George Lucas e Francis Ford Coppola), mesmo sabendo que se tornaram verdadeiros “deuses” da Nova Hollywood.
Outro personagem poderia não ter rendido uma conversa tão envolvente e qualquer outra abordagem poderia ter perdido esse tesouro. “De Palma” é um tiro certo, imperdível para fãs do cineasta e para qualquer cinéfilo que queira aprender um pouco mais sobre essa arte.
Por Juliana Varella
Atualizado em 24 Nov 2016.