No próximo dia 3 de novembro, chega aos cinemas mais um filme da Marvel Studios. Isso significa que conheceremos mais uma aventura inspirada nos quadrinhos da marca e que integrará o rico universo cinematográfico formado, hoje, por Homem de Ferro, Capitão América, Homem-Aranha, Thor e tantos outros super-heróis, mais ou menos poderosos, mais ou menos carismáticos, mas sempre bem posicionados em filmes impecavelmente lucrativos.
Apesar do terreno mais do que preparado, a verdade que “Doutor Estranho” é o primeiro do seu tipo: um herói de capa, à moda antiga, com poderes mágicos de origens transcendentais, com um olho no mundo espiritual e outro no terreno. Tudo o que a própria Marvel vinha tentando disfarçar até agora com suas explicações tecnológicas ou alienígenas para o sobrenatural, com suas narrativas realistas e seus heróis humanizados. “Doutor Estranho” é, enfim, o próximo (e arriscado) passo para o cinema de super-herói.
O filme conta a história de um neurocirurgião (Benedict Cumberbatch) rico e famoso, que sofre um acidente de carro e perde o movimento preciso das mãos. Em busca de ajuda, ele vai até uma monja tibetana (Tilda Swinton) e pede para que ela lhe ensine a arte da cura oriental. Entretanto, o que ela oferece é algo muito maior: a possibilidade de compreender e manipular todas as dimensões da existência para se tornar o protetor da Terra, num nível místico.
Na última terça-feira, nós do Guia da Semana pudemos conferir em primeira mão, num evento organizado pela Walt Disney, um vídeo com cerca de 15 minutos do filme de Scott Derrickson (mais conhecido por títulos de terror, como “O Exorcismo de Emily Rose” e “A Entidade”), em 3D e IMAX. Apesar da vertigem provocada pela combinação de luzes piscantes, ambientes giratórios e uma montagem excessivamente clipada, a primeira impressão foi bastante positiva.
O vídeo não trouxe nenhuma sequência sem cortes, o que permitiria sentir o tom da história ou a química entre os personagens, mas, como num longo trailer, priorizou cenas de ação, piadas e demonstrações de efeitos visuais. À primeira vista, de fato parece que a Marvel pretende manter o humor quase obrigatório que tem marcado seus filmes anteriores, como forma de suavizar conflitos e dramas pessoais.
Também já se percebe que o cenário terá um papel essencial nas cenas de ação, sendo retorcido e reorganizado de forma a tornar mais interessante a coreografia de luta tradicional, como fizeram “A Origem” e “Matrix” em outros anos. Já na criação de dimensões paralelas, “Teorema Zero”, “Homem-Formiga” e “2001: Uma Odisseia no Espaço” surgem como referências surpreendentes.
Se “Doutor Estranho” será tão inovador quanto seus criadores parecem acreditar, ainda não sabemos, mas é certo que ele simboliza um novo momento para a Marvel e para o cinema de massa em geral. A era dos heróis “realistas” parece estar chegando ao fim e, depois do sucesso de “Guardiões da Galáxia” e “Esquadrão Suicida”, talvez tenha chegado a hora de voltar às origens e assumir o lado mais fantástico da cultura dos quadrinhos. E deixar que a imaginação, livre de preconceitos, dite o caminho.
Por Juliana Varella
Atualizado em 12 Out 2016.