No último fim de semana, um único filme dominou as manchetes das revistas americanas de cinema, mas não pelas razões mais positivas. “Rei Arthur – A Lenda da Espada”, versão moderninha de Guy Ritchie para o clássico de capa-e-espada, fracassou radicalmente nas bilheterias, após ser avaliado com críticas raivosas pela imprensa local: “Um filme vulgar para tempos vulgares”, cunhou Todd McCarthy para a Hollywood Reporter, enquanto David Ehrlich, da IndieWire, foi mais enfático: “Um blockbuster genérico que não tem nada a dizer e não faz ideia de como dizê-lo”.
Foi em meio a esse pesadelo comercial que Charlie Hunnam, estrela principal do filme, veio ao Brasil fazer sua parte na divulgação e conversou com a imprensa brasileira sobre o trabalho e, inevitavelmente, sobre a repercussão negativa que ele vem atraindo.
“Eu tento me manter alheio ao mundo exterior, mas soube que alguns críticos não estão sendo particularmente gentis”, começou, medindo as palavras antes de disparar: “E eu percebi que isso parece ter se tornado um ‘esporte’. Com o crescimento do espetáculo do cinema, há um crescimento do espetáculo [da crítica]... Uma tendência a querer rebaixar alguns filmes, que me parece fora de proporção em relação o produto real do qual se está falando - é como se isso adquirisse sua própria energia... Mas, como eu disse, eu tento não pensar muito nisso.”
O ator, entretanto, parece ter pensado bastante na questão e até desenvolveu uma teoria, relacionando a postura exagerada dos jornalistas a uma cultura de ódio que tem se tornado cada vez mais hegemônica na internet. “Todo esse rancor... Isso fala de uma coisa que não é restrita ao mercado do cinema, é uma tendência da humanidade. Com as mídias sociais, somos encorajados todos os dias a fazer julgamentos rápidos e “curtir” ou “descurtir”... É esta tendência tóxica e traiçoeira que temos a julgar uns aos outros de forma muito severa. Para mim, isso revela uma espécie de buraco profundo, negro e desesperado que todos temos dentro de nós e que, para nos sentirmos melhor com nós mesmos, temos que destruir o outro.”
Hunnam também comparou alguns críticos a “cineastas frustrados” e afirmou que esse julgamento agressivo é reflexo de um profissional que não conhece a realidade de uma produção de cinema. “Eu sei o quão difícil é fazer um bom filme e, por isso, vejo todos os meus colegas com empatia”. Todos, é claro, menos os críticos de cinema.
“Rei Arthur – A Lenda da Espada” estreia no Brasil no dia 18 de maio.
Por Juliana Varella
Atualizado em 17 Mai 2017.