Quando se fala em filmes de animação, a maioria das pessoas pensa nos grandes sucessos da Disney, Pixar, DreamWorks, como "O Rei Leão" e as franquias "Toy Story" e "Shrek". É inegável que o mercado norte-americano é muito forte nesse gênero e que o Brasil ainda não alcançou o mesmo sucesso. No entanto, o cenário atual parece estar mudando para melhor.
“Sinfonia Amazônica”, o primeiro longa-metragem de animação brasileiro, foi lançado em 1951. Desde então, até 2012 foram lançados no circuito comercial somente cerca de 20 outros longas, a maioria produzida por Maurício de Souza. Felizmente, o número de obras vem aumentando consideravelmente.
Em um intervalo de um pouco mais de um ano, foram lançados quatro filmes animados de destaque no cinema. O mais recente foi “O Menino e o Mundo”, de Alê Abreu, uma animação com várias técnicas artísticas que mostra o mundo moderno através da visão de uma criança.
Em 1996, chegou aos cinemas o primeiro filme nacional realizado totalmente no computador: “Cassiopeia”, de Clóvis Vieira. Apesar de não ter a mesma projeção internacional, o longa disputa com a animação da Pixar, “Toy Story”, o título de primeiro filme de animação totalmente digital.
Mais recentemente, quem se destacou foi o diretor brasileiro Carlos Saldanha, que arrecadou milhões com as animações “Rio” e “Rio 2”. A primeira arrecadou cerca de US$ 480 milhões ao redor do mundo e a segunda atraiu mais de um milhão de pessoas no Brasil apenas no fim de semana de estreia. Ambas foram produzidas pela norte-americana 20th Century Fox.
Além de longas-metragens, as séries animadas nacionais estão ganhando mais destaque a cada ano. Peixonauta, criada e produzida pela TVPinGuim, é a primeira série de animação de autoria brasileira e concepção artística, produzida inteiramente no Brasil. O desenho estreou em 2009 pelo canal Discovery Kids. Conseguiu relativo sucesso no Brasil, chegando a alcançar 9 pontos de audiência para o canal de TV aberta, SBT. Hoje é conhecido internacionalmente, sendo transmitido em mais de 70 países.
Existem vários fatores que justificam a aumento significativo de estúdios de animação independentes no país. O primeiro é o barateamento dos equipamentos necessários para criação de uma animação. Outro motivo são as novas parcerias entre produtoras e distribuidoras, onde as últimas podem financiar parte da produção. Também ajudaram a impulsionar o mercado as leis de incentivo fiscal destinadas à cultura, como a Lei Rouanet. A fiscalização fica por conta da Agência Nacional do Cinema (ANCINE).
Cesário Filho, formado em jornalismo, criou o estúdio Lummii09 na cidade de Atibaia-SP, e desde então tem enfrentado os desafios de trabalhar com animação. "Muita gente trabalha com animação por conta da magia que isso traz, afinal a técnica é muita trabalhosa e ao mesmo tempo muito encantadora", diz Cesário. Ele ainda afirma que, apesar das dificuldades, o retorno sempre vem quando se trabalha com o que realmente gosta.
O Brasil ainda tem muito a evoluir no mercado da animação, mas os últimos anos têm sido de grande crescimento. Prova disso é o sucesso do Festival Internacional de Animação (AnimaMundi), que acontece anualmente em São Paulo e no Rio de Janeiro e completa 22 anos em 2014 como o maior festival do tema na América Latina. Em 2013, 106 filmes brasileiros participaram da seleção, que reuniu cerca de 400 produções de todo o mundo.
Por Yuri Bonet, aluno do 1º semestre do curso de jornalismo da ESPM
Atualizado em 13 Abr 2014.