James McAvoy, 35, parece um garotinho ao lado de Patrick Stewart, 74, quando os dois atores se acomodam, lado a lado, na sala da coletiva de imprensa de X-Men: Dias de um Futuro Esquecido em São Paulo. O olhar é de fã e de pupilo.
Os dois interpretam o mesmo personagem na franquia, mas nunca haviam se encontrado em cena até este filme, que vai e volta no tempo. A experiência foi um privilégio e um desafio para o jovem britânico, de sotaque carregado. “Eu sabia para onde estava indo, pois, à medida que o personagem envelhece, ele se aproxima mais da versão de Patrick. Mas estar à altura de Patrick e de Charles é estressante... Você se sente julgado.”, confessa.
Do outro lado, a resposta deve tê-lo tranquilizado: “A admiração é mútua. Fiquei impressionado quando vi o filme, porque eu vi elementos do Xavier que eu conhecia pela performance de James... E eu me vi”, declarou, diante de uma pausa reflexiva. “Preciso parabenizá-lo por isso.”
Os atores falaram, também, sobre o tema central da série: a tolerância às diferenças. Stewart se mostrou otimista e trouxe sua experiência de vida à mesa: “Eu já vivi tempo suficiente para ter visto evolução no mundo como eu nunca esperava ver. Temos paz de certa forma, numa certa parte do mundo, e eu vi o fim do Apartheid. Então, estamos dando passos à frente – às vezes parece que não, mas estamos”.
O ator aproveitou, também, para defender o amigo Ian McKellen (que, nos filmes, interpreta Magneto), que se assumiu gay no final dos anos 80. “Ter visto a coragem e o caráter de Ian, além do apoio da comunidade gay do Reino Unido numa época em que os atores não estavam dando esse passo, é uma das coisas que me dá esperanças na humanidade”, explicou, com toda a segurança do mundo. Bem falado, Patrick.
Outro assunto polêmico levantado foi sobre os filmes de super-heróis. Os dois defenderam X-Men como sendo diferente de outras franquias de ação, mas McAvoy foi mais longe: “Super-heróis correm o risco de alienar a audiência, porque são 'super', e têm superproblemas. Mas quando vamos ao cinema, normalmente queremos ver a nós mesmos", analisa. Os personagens de X-Men, para ele, têm problemas mais humanos, por isso, o público consegue se identificar.
O personagem dividido pelos atores, é claro, também foi alvo de perguntas e defesas exaltadas. "Ele é um homem que acredita na democracia e no diálogo, ao invés da ação e da violência", ponderou Stewart. "Ele é um líder porque tem empatia, porque consegue se colocar no lugar dos outros", reforçou McAvoy.
Na coletiva, muita gente sentiu empatia foi pelos os problemas de McAvoy. Quando perguntado sobre o superpoder que gostaria de ter quando criança, o aparentemente extrovertido ator respondeu que adoraria "fazer as pessoas gostarem dele", ter o poder da "confiança" e, finalmente, da "invisibilidade". Mal sabia ele que chegaria tão longe.
Por Juliana Varella
Atualizado em 21 Mai 2014.