Muitos cinéfilos condenam a avaliação dos jurados da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, mas por mais que isso aconteça, o Oscar ainda é cobiçado por cineastas e considerado uma das premiações mais importantes do mundo do cinema.
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No Brasil não é diferente. Você pode ser um dos que não simpatizam com a premiação, mas quando vê algum filme brasileiro concorrendo a qualquer categoria do Oscar, torce para que uma produção nacional traga a estatueta de ouro pra casa.
Já tivemos alguns nomes indicados mas infelizmente, ganhamos apenas uma vez e, mesmo assim, não foi totalmente mérito de um brasileiro. Em 2005, “Al Otro Lado del Río” - trilha do Diários de Motocicleta, de Walter Salles – do uruguaio Jorge Drexler foi vencedora na categoria Melhor Canção Original.
Na categoria Melhor Filme Estrangeiro concorremos quarto vezes e Melhor Filme uma vez só, em 1986. Também não deu em nada. Em 2012, quase que mais uma vez levamos como Melhor Canção Original com a música “Real in Rio”, de Carlinhos Brown e Sérgio Mendes para a animação Rio, mas perdemos para o filme The Muppets com a canção "Man Or Muppet".
Enquanto o Oscar não chega para os brasileiros, veja qual foi a nossa participação na premiação até hoje. Não vamos perder a esperança, minha gente! Vai chegar a nossa vez! ;)
Brazil – 1944
Categoria: Melhor Canção Original (indicado)
Tudo bem que o filme, na verdade, é um musical de produção gringa, dirigido pelo norte-americano Joseph Stanley. Porém, foi a primeira vez que o Brasil concorreu ao Oscar com a música “Rio de Janeiro”, composta por Ary Barroso. Naquele ano, Ary perdeu para “Swinging on a Star” de Jimmy Van Heusen, trilha do filme “O Bom Pastor” de Leo McCarey.
O Pagador de Promessas – 1963
Categoria: Melhor Filme Estrangeiro (indicado)
Quase vinte anos depois da primeira indicação brasileira ao Oscar, o drama incisivo de Anselmo Duarte se torna a primeira produção tupiniquim indicada ao prêmio de Melhor Filme Estrangeiro. Apesar de “Sempre aos Domingos”, do francês Serge Bourguignon, ter levado a melhor no Oscar, “O Pagador de Promessas” tinha ganho a Palma de Ouro em Cannes, em 1962, e já havia se tornado um clássico do cinema nacional – que até hoje é cultuado pelos apreciadores da sétima arte.
O Beijo da Mulher Aranha – 1986
Categoria: Melhor Filme e Melhor Direção (indicado)
Mais uma vez, depois de um hiato de mais de duas décadas sem dar às caras no Oscar, o Brasil retorna ao Academy Awards com louvor, concorrendo ao prêmio de Melhor Direção e, ainda, disputando a estatueta mais importante da premiação: a de Melhor Filme. Porém, nada de vitória para “O Beijo da Mulher Aranha”, nem para o diretor Hector Babenco. Ambos os prêmios foram para “Entre Dois Amores”, de Sydney Pollack – que, inclusive, levou mais sete Oscar naquela noite.
O Quatrilho – 1994
Categoria: Melhor Filme Estrangeiro (indicado)
Oito anos se passaram, e lá vamos nós de novo ficar na frente da TV com a expectativa de rolar uma estatuetazinha para o Brasil. Afinal, estávamos vivendo a retomada do cinema brasileiro em sua melhor forma. Desta vez, nosso representante era “O Quatrilho”, de Fabio Barreto, que concorria a Melhor Filme Estrangeiro. Adivinhem? Perdemos para a produção holandesa “A Excêntrica Família de Antonia”. Há quem diga que tínhamos muito mais chances se tivessem indicado “Carlota Joaquina – A Princesa do Brasil” ao invés de “O Quatrilho”. Mas, beleza...
O Que é Isso Companheiro? – 1998
Categoria: Melhor Filme Estrangeiro (indicado)
E não é que os norte-americanos curtiram essa retomada do cinema brasileiro e, alguns anos depois, estávamos de volta ao páreo? Em 1998, Bruno Barreto – irmão de Fabio que tinha nos representado no último Oscar – era o escolhido da vez com o longa “O Que é Isso Companheiro?”. Tratava-se de um filme de cunho político, aclamado pela crítica e pelo público, tanto no Brasil, quanto na gringa. Pode parecer uma ironia do destino porém, mais uma vez, nossas expectativas foram frustradas pelos holandeses com o filme “Caráter”, de Mike van Diem. O rio estava para o mar assim como Brasil e Holanda no Oscar estava para Brasil e França na Copa.
Central do Brasil – 1999
Categoria: Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Atriz (indicado)
Nesta altura do campeonato, já estávamos nos acostumando a sermos indicados ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro – e perder pros holandeses. O concorrente da vez era o belíssimo “Central do Brasil”, de Walter Salles. A surpresa ficou por conta da indicação de Fernanda Montenegro ao prêmio de Melhor Atriz – era a primeira vez que concorríamos nesta categoria. O problema é que estávamos concorrendo com o longa “A Vida é Bela” e com as atrizes Meryl Streep e Cate Blanchet. Que o filme do Roberto Benigni ia ganhar, todo mundo já sabia. Mas a vitoria de “Gwyneth Paltrow” marcou a nona derrota de Meryl Streep – de 11 indicações.
Cidade de Deus – 2004
Categoria: Melhor Direção, Melhor Fotografia, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Edição (indicado)
Foi o primeiro e único filme brasileiro - até agora - a concorrer ao Oscar em quatro categorias. Apesar de não ter trazido nenhuma estatueta pra casa, “Cidade de Deus” foi um dos filmes de maior sucesso do cinema nacional e do mundo – sem sombra de dúvida, elevou o Brasil a outro patamar da sétima arte. O diretor Fernando Meirelles passou a ser referência e recebeu diversos convites para filmar produções internacionais – como “O Jardineiro Fiel” e “Ensaio Sobre a Cegueira”. Mas, para não perder o fio da meada, nossos concorrentes que levaram o Oscar naquele ano foram “O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei” (Melhor Direção, Roteiro Adaptado e Edição) e “Mestre dos Mares: O Lado mais Distante do Mundo” (Melhor Fotografia).
Diários de Motocicleta – 2005
Categoria: Melhor Roteiro Adaptado (indicado) e Melhor Canção Original (vencedor)
Muitos não consideram que o Brasil, de fato, tenha competido nesta edição do Oscar pelo fato do filme ser uma co-produção que envolveu Argentina, EUA, Reino Unido e outros países. Apesar do longa ter sido dirigido pelo brasileiro Walter Salles, quem concorria aos prêmios eram o porto-riquenho José Rivera e o uruguaio Jorge Drexler que, inclusive, levou a estatueta de Melhor Canção Original com “Al Otro Lado Del Río” – que é de chorar de tão bela, por sinal.
Lixo Extraordinário – 2010
Categoria: Melhor Documentário (indicado)
Independente de ganhar Oscar ou não, “Lixo Extraordinário” merece ser assistido pela beleza visual que se construiu no filme à partir do lixo. O documentário mostra o trabalho do artista Vik Muniz com catadores de material reciclável e surgiu de uma parceria entre o produtor inglês Angus Aynsley e a O2 Filmes, de Fernando Meirelles. Mesmo sendo um forte candidato ao prêmio, “Lixo Extraordinário” perdeu para “Trabalho Interno”, de Charles Ferguson, cujo tema era a patifaria dos bancos norte-americanos que causaram a crise de 2008. Ou seja, sem chances, né?
Rio – 2012
Categoria: Melhor Canção Original (indicado)
Tá lembrado que o primeiro filme desta lista era “Brazil”, indicado com a música “Rio de Janeiro”, de Ary Barroso? Então, olha só que coincidência do destino... quase 70 anos depois, somos indicados novamente para o prêmio de Melhor Canção Original, com a animação “Rio” e a música “Real in Rio” – desta vez composta por Carlinhos Brown e Sérgio Mendes," brasileiros do Brasil" mesmo. Sim, perdemos outra vez, agora para os norte-americanos dos Muppets com a canção “Man or Muppet”. Contudo, fica o aprendizado: ninguém pode negar que colocar o Rio de Janeiro e seus derivados no nome dos filmes, músicas e afins rende umas indicaçõezinhas ao Oscar.
Por Juliana Andrade
Atualizado em 28 Jan 2014.