Na semana passada, a internet entrou em alvoroço com a divulgação das primeiras cenas de “Ghost In The Shell” – um filme de ficção científica dirigido por Rupert Sanders (“Branca de Neve e O Caçador”) e estrelando Scarlett Johansson, que estreia em março de 2017. Mas por que tanto barulho? A resposta está num outro filme, que talvez você não conheça, mas que revolucionou o gênero mais de 20 anos atrás.
O longa de Sanders é o remake de uma animação japonesa de mesmo nome dirigida por Mamoru Oshii e lançada em 1995 que, por sua vez, foi baseada no mangá de Masamune Shirow, publicado entre 1989 e 1990. A franquia, mais tarde, ganhou uma continuação em quadrinhos, uma série de TV e um segundo filme, mas foi o longa de 95 que chamou a atenção da crítica mundial e entrou para a história como um dos maiores filmes de ficção científica de todos os tempos.
Distribuído no Brasil como “O Fantasma do Futuro”, o anime conta a história de Motoko Kusanagi, uma agente policial que investiga um hacker capaz de invadir a mente de pessoas e roubar informações de espionagem internacional. Kusanagi, porém, não é uma mulher comum: ela teve quase todo o seu corpo substituído por partes cibernéticas, ao ponto de ser mais reconhecida como um ciborgue do que como uma humana. Nesse mundo – um Japão futurista – os corpos híbridos são cada vez mais comuns e a única coisa que determina se alguém é humano ou não é o que eles chamam de “fantasma” ou “alma”, que é o equivalente à consciência.
“O Fantasma do Futuro” ecoa temas da ficção científica literária – especialmente do romance cyberpunk “Neuromancer”, de William Gibson, que explorou o conceito do cyberespaço como um ambiente tridimensional habitável. E, como o livro de Gibson, o filme de Oshii também influenciou os irmãos Wachowski na construção de seu próprio universo sci-fi na trilogia “Matrix”, uma obra que também questiona a relação entre corpo e consciência e entre humanidade e inteligência artificial. Alguns detalhes práticos da animação até foram aproveitados nos filmes, como os “plugues” conectados à nuca para transferência de dados.
A versão americana promete atualizar a trama e alterar alguns detalhes, como o objetivo do vilão e a origem de Kusanagi. Como Scarlett não é japonesa – o que, aliás, gerou revolta entre os fãs –, ela será apresentada como mestiça. Também estão no elenco os atores ocidentais Michael Pitt, Juliette Binoche e Pilou Asbæk, além dos japoneses Rila Fukushima e Takeshi Kitano.
Por Juliana Varella
Atualizado em 31 Mar 2017.