O diretor japonês Hayao Miyazaki, conhecido pela complexidade de suas animações e pelo fato de ainda trabalhar com desenhos à mão, recebeu o Oscar Honorário durante o Governor’s Awards no último dia 8 de novembro. Na mesma noite, foram homenageados Maureen O’Hara, Jean-Claude Carrière e Harry Belafonte.
Miyazaki anunciara sua aposentadoria no final do ano passado, quando se preparava para lançar “Vidas ao Vento”, seu último longa-metragem e o mais autobiográfico até então. Para os fãs inconsoláveis, correm boatos de que o artista já esteja trabalhando num mangá e que continuará produzindo curtas-metragens – a aposentadoria foi dos cinemas e da neurose com bilheterias.
No evento que aconteceu em Hollywood, quem entregou o Oscar ao mestre japonês foi seu “sucessor” norte-americano: John Lasseter, da Pixar. Lasseter ressaltou a importância dos filmes de Miyazaki em sua formação como cineasta e comparou-o a Walt Disney, por mostrar que “a animação realmente é para todos”.
Em troca, Miyazaki alfinetou a indústria digital de animação (da qual Lasseter é um ícone) ao se dizer sortudo “por poder ter participado da última era em que se podia fazer filmes com papel, lápis e película”.
Maureen O’Hara, atriz irlandesa que atuou em clássicos como “O Corcunda de Notre Dame” (1939) e “Como Era Verde o Meu Vale” (1941), também recebeu um Oscar Honorário, entregue por Clint Eastwood, que recordou a ocasião em que fizera uma ponta num filme com O’Hara – a primeira estrela de Hollywood que teria conhecido.
O roteirista francês Jean-Claude Carrière (“A Insustentável Leveza do Ser”, “A Bela da Tarde”) também teve sua obra reconhecida pelo Oscar e aproveitou a oportunidade para valorizar seus colegas de profissão, normalmente ocultos pelo brilho de diretores e atores na indústria do cinema.
O discurso mais acalorado da noite foi feito por Harry Belafonte, receptor do Prêmio Humanitário Jean Hersholt por seu trabalho em prol dos direitos civis e raciais. Introduzido por Chris Rock e Susan Sarandon, Belafonte citou o clássico “O Nascimento da Nação” (1915) como um filme com uma visão distorcida da história que refletia da divisão racial americana. O artista e ativista também convidou ao palco outro símbolo da luta por igualdade, Sidney Poitier.
Outras estatuetas do Oscar 2015 serão entregues no dia 7 de fevereiro (prêmios técnicos e científicos) e a cerimônia final televisionada acontece no dia 22 de fevereiro. Os indicados serão divulgados no dia 15 de janeiro.
Por Juliana Varella
Atualizado em 10 Nov 2014.