Mais uma biografia chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira. Desta vez, não será um músico que terá sua vida retratada nas telas, mas sim Irmã Dulce, freira baiana que dedicou a vida a ajudar os pobres e foi beatificada pelo Papa Bento XVI.
Dulce é interpretada no filme por três atrizes: quando criança, por Sophia Pereira Brachmans, depois por Bianca Comparato e, por fim, por Regina Braga. De todas, quem realmente dá personalidade à protagonista é Bianca, que revela uma Dulce atrevida e quase inconsequente, que sai do convento às escondidas e comete pequenos delitos para cuidar de moradores de rua.
A Dulce dos cinemas é uma espécie curiosa de freira-heroína. Mostrada como uma garota quieta e atenta na infância, algo mais próximo de uma santa, ela cresce para se tornar o pesadelo das freiras e dos políticos. Sem papas na língua, ela pede dinheiro para montar um hospital e exige que o convento ceda o espaço de um galinheiro para a construção.
O longa bate na tecla do isolamento das freiras e reforça um certo medo dessas de abrirem as portas depois do anoitecer. Se a questão é de gênero, porém, isso não fica claro, mesmo que num momento a irmã rebelde ouça que “é apenas uma mulher” e que, portanto, deve colocar-se em seu lugar.
A trajetória da beata tem pontos altos, como a visita a um terreiro de Candomblé e a invasão de uma casa abandonada com a ajuda de um assaltante, mas o filme não consegue manter um ritmo convincente. A vontade de ousar e de construir essa imagem heroica briga com a necessidade de transmitir uma pureza etérea e de passar mensagens politicamente corretas. Assim, a personagem, tão rica, acaba presa a um roteiro contido e, em muitos momentos, piegas.
Com direção de Vicente Amorim (“Um Homem Bom”, 2008), “Irmã Dulce” oferece uma visão curiosa sobre a personagem baiana e ajuda a divulgar sua causa e seus feitos, mas não mergulha suficientemente fundo para convencer o público de sua força. O filme estreia no dia 27 de novembro.
Assista se você:
- Gosta de cinebiografias
- Quer saber mais sobre a história de Irmã Dulce
- Procura um filme leve e positivo, com momentos divertidos
Não assista se você:
- Não gosta de cinebiografias
- Espera ver um filme ousado e fora dos clichês
- Quer ver um filme mais agitado, com ação
Por Juliana Varella
Atualizado em 24 Nov 2014.