Demorou mais de um ano, mas finalmente chega aos cinemas a adaptação do primeiro livro da saga literária “As Aventuras do Caça-Feitiço”, de Joseph Delaney. O filme, chamado "O Sétimo Filho", estava prometido para 2013, mas sofreu atrasos na produção e agora estreia no Brasil no dia 12 de março. Será que a espera terá valido a pena?
Para quem torcia por uma adaptação fiel, a resposta é não: o filme aproveita os personagens do livro apenas superficialmente, transformando suas personalidades e envelhecendo o protagonista (que teria 12 ou 13 anos na história original), além de modificar consideravelmente a história em si.
O resultado, porém, não é de todo ruim – a aventura, com direito a espadas, monstros e até exorcismos, é envolvente o suficiente para aquele domingo à tarde em que você só quer se divertir com os amigos. A construção dos cenários, o detalhamento das criaturas e os efeitos especiais também são pontos especialmente positivos.
Jeff Bridges interpreta o mestre Gregory, um “caça-feitiço” (caçador de bruxas e outras criaturas mágicas) que tem a missão de treinar o sétimo filho de um sétimo filho como seu aprendiz. Infelizmente, alguns sétimos filhos já morreram no processo e o próximo da lista é Thomas Ward (Ben Barnes, o príncipe Caspian de “Nárnia”).
Ward aceita o “estágio” de bom grado, já que detestava a vida na fazenda do pai, mas a empolgação dura pouco: quando ele percebe que terá que matar a sangue frio para se tornar um caça-feitiço, as coisas ficam mais complicadas.
É claro que, como este é um filme infanto-juvenil bem convencional, os “maus” e os “bons” se dividem tão claramente que o dilema de Ward não dura muito. Mãe Malkin (Julianne Moore) é tão má que não merece piedade. Já seus aliados, como todo bom capanga, não têm nenhum tipo de sentimento ou motivação, por isso também podem morrer sem que ninguém sinta sua falta.
O curioso é que, mesmo que a doce Alice (Alicia Vikander) tente convencer o herói de que nem todas as bruxas são más e que nem todos os homens são bons, o que o filme nos mostra é justamente o oposto – elas vão para a fogueira, eles não. E, se isso já te incomodou, repare que os vilões não são só as bruxas, mas também homens negros, com traços indígenas ou orientais.
Clichês à parte, “O Sétimo Filho” traz um pouco de fantasia aos cinemas e tem na manga um elenco forte, mas não segura a onda a ponto de garantir uma sequência. Aos fãs dos livros, o melhor é esperar mais alguns anos por outra adaptação.
Por Juliana Varella
Atualizado em 5 Mar 2015.