Desde 2005, Mônica Martelli divide as angústias de sua personagem Fernanda, uma mulher à beira dos 40 à procura de marido, com o público carioca num monólogo chamado “Os Homens São de Marte... E é pra Lá que Eu Vou”. Agora, suas desventuras chegam aos cinemas sob direção de Marcus Baldini e com o reforço dos atores Paulo Gustavo e Daniele Valente. O filme estreia nessa quinta, 29 de maio.
É fácil saber o que esperar de uma comédia baseada numa peça teatral, com esse título e elenco: será narrada pela protagonista, explorará clichês machistas sobre relacionamentos e terá algumas piadas engraçadas apoiadas em estereótipos: a solteirona, o gay, a loira ingênua, a megera, o egocêntrico, o natureba, etc.
Martelli, como no teatro, vive uma mulher bem sucedida, que trabalha organizando casamentos, mas que, ironicamente, nunca teve um homem para chamar de seu. Prestes a completar 40 anos, ela se desespera com a possibilidade de nunca se casar e procura um homem – qualquer homem – para realizar seu sonho.
Que fique bem claro: Fernanda não procura o amor, mas sim o “status” de casada. Isso fica evidente quando, romance após romance, ela se dedica mais a fantasiar com vestidos de noiva, pedidos mirabolantes de casamento e filhos do que a tentar conhecer a pessoa com quem está se envolvendo, ou tentar conciliar sua atribulada vida profissional à vida a dois. Não: ela quer que ele seja o único responsável por sua felicidade e está disposta a abandonar sua carreira e amigos pela ideia do casamento.
Seria estranho observar essa inversão de valores, se não estivéssemos sendo expostos a isso há tantos anos, com garotinhas aprendendo desde cedo que o casamento deve ser um objetivo, o fim da história, a chave para a felicidade eterna (a Disney é apenas o começo).
Entre um namoro mal sucedido e outro, Fernanda vai deixando seu trabalho nas mãos dos amigos e sócios Aníbal (Paulo Gustavo) e Nathalie (Daniele Valente), que também servem de conselheiros amorosos. Dos três, porém, o único que se mostra preocupado com os rumos da empresa é Aníbal, que, em determinado momento, ouve de Fernanda a seguinte frase (sic): “Você é gay, mas é homem. Deixa de ser bicha e vai resolver esse problema”. Em outras palavras: os homens devem trabalhar, as mulheres devem namorar.
Assista se você:
- Gosta de comédias nacionais
- Procura um filme leve
- Gostou da peça que inspirou o filme
Não assista se você:
- Procura uma comédia para levar seus filhos
- Defende o fim do machismo no cinema
- Não gostou da peça original
Por Juliana Varella
Atualizado em 31 Mai 2014.