Quando vamos ao cinema assistir a um filme de guerra de humanos contra alienígenas, a última coisa que esperamos é que nosso herói seja um assessor de imprensa. Nada contra: apenas parece difícil imaginar que alguém dedicado a convencer pessoas a entrarem para o exército queira, de fato, estar na linha de frente. E Bill Cage não queria.
Em "No Limite do Amanhã", Cage (Tom Cruise) voa dos Estados Unidos a Londres para se encontrar com o general responsável pela próxima ofensiva, marcada para a manhã seguinte. Após uma conversa mal sucedida, porém, ele acaba jogado num pelotão sem qualquer treinamento e, inevitavelmente, é morto no campo de guerra nos primeiros minutos. Sim, morto. É aí que a história começa a tomar forma.
Inspirado no livro “All You Need is Kill”, de Hiroshi Sakurazaka, o filme de Doug Liman (que também o produz) brinca com a passagem do tempo para falar de guerra e do valor da vida – isso porque Cage fica preso num looping temporal e volta ao início do “dia D” a cada vez que morre. E ver a si mesmo e às pessoas à sua volta morrendo repetidamente é, no mínimo, transformador.
Liman, que dirigiu “Sr. e Sra. Smith” e “A Identidade Bourne”, alcança um equilíbrio raro entre ação, fantasia e humor. Quando tudo parece converter para o clichê de guerra, com a trilha épica e os grandes efeitos visuais, o espectador é levado de volta para o início do dia anterior e tudo se desenrola novamente de forma um pouco diferente.
No processo, Cage conhece Rita (Emily Blunt), a guerreira mais importante do exército europeu e garota-propaganda das armaduras especiais. Ela, para sua surpresa, já tinha passado pela mesma experiência e se une a ele para tentar vencer a guerra, conhecendo os passos do inimigo com antecedência.
Se a premissa é instigante, o desenvolvimento é ainda melhor, pois consegue surpreender mesmo quando pensamos que já sabíamos tudo. Há romance, mas é bem pouco e pode não passar de uma amizade. Os ataques dos aliens são por terra, e não pelo céu como normalmente os imaginamos. Não se mergulha nos bastidores políticos nem na moralidade dos personagens - a única crítica palpável é à publicidade.
As escolhas de roteiro, entretanto, só vão bem até a sequência final – que, num acesso de insegurança, desfaz toda a teoria que vinha desenhando e entrega um desfecho inverossímil e desinteressante. Se anteciparmos em alguns poucos minutos o final, porém, tudo se conserta. É apenas uma questão de tempo.
Assista se você:
- É fã de ficção científica
- Quer ver um filme de ação criativo
- Gosta dos filmes protagonizados/escolhidos por Tom Cruise
Não assista se você:
- Não gosta de ficção científica
- Torce o nariz ao ler “alienígenas” na sinopse
- Não gosta de filmes com viagens no tempo
Por Juliana Varella
Atualizado em 30 Mai 2014.