Nem parece, mas já se passou um ano desde que “O Hobbit – Uma Jornada Inesperada” chegou aos cinemas, revelando uma tecnologia revolucionária (os 48 qps, com os quais toda a trilogia foi feita) e reaquecendo os corações dos fãs desamparados da trilogia “O Senhor dos Anéis”. Agora, “A Desolação de Smaug” estreia sem o alarde tecnológico, mas com a promessa de materializar na tela um dos personagens mais icônicos da série literária: o dragão Smaug.
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Benedict Cumberbatch – o Khan de “Star Trek – Além da Escuridão” ou o Sherlock da TV – foi encarregado de dar voz à criatura mitológica e a um segundo vilão, o Necromancer. Entre tantos efeitos sonoros, é preciso se esforçar um pouco para reconhecer o timbre naturalmente grave e imponente do ator, mas o que realmente impressiona (e agrada) é a forma lenta e inabalável com que ele conduz seu diálogos. É com palavras, aliás, que ele e Bilbo (Martin Freeman, novamente genial) se confrontarão no ponto mais alto do filme.
A história parte de onde terminou o primeiro episódio: Bilbo, Gandalf e os 12 anões estão se refugiando de Orcs e lobos no início de sua jornada rumo à Montanha de Erebor, onde o dragão guarda o tesouro do antigo reino dos anões. O objetivo do grupo é roubar de Smaug uma joia específica que devolverá a Thórin o direito de reinar ali.
Na jornada, os fãs encontrarão algumas figuras conhecidas do livro ou dos outros filmes, como o transmorfo Beorn (uma espécie de lobisomen), o mago marrom Radagast, o humano Bard e até o bom e velho elfo Legolas – figura que não aparece no livro original, mas apenas na trilogia “O Senhor dos Anéis”.
Outros personagens são fruto da imaginação da equipe de roteiro e podem incomodar aos mais puristas: a criação mais gritante é a da elfa Tauriel (Evangeline Lilly). Inspirada, possivelmente, na história de Lúthien (elfa que se apaixona por um humano em Silmarillion), ela tem a função de equilibrar a narrativa com uma sub-trama levemente romântica e levemente heroica, além de ser uma “escada” para a aparição de Legolas.
A sensação, contudo, é de que faltou mergulhar mais fundo no contexto desses dois elfos para justificar suas ações e tornar sua passagem realmente necessária na história.
O que falta a Tauriel, no fundo, falta a todo o filme: densidade psicológica. Enquanto a saga “O Senhor dos Anéis” exalava a dilemas morais e conflitos internos, a hiper-extendida adaptação em três filmes para o livro “O Hobbit” tenta se apoiar apenas na aventura. Sobram espadas, flechas, orcs e aranhas gigantes; faltam silêncios, ambiguidades e diálogos como o de Bilbo com o dragão.
Como era de se esperar, “O Hobbit – A Desolação de Smaug” não decepciona nos gráficos. As paisagens da Nova Zelândia continuam estonteantes, assim como os detalhes de cenário e figurino, que mergulham o espectador naquele universo que já conhecemos tão bem. Sem a exibição em 48 fps (a filmagem foi feita com a tecnologia, mas a maioria das salas ainda oferece a exibição comum), a experiência se mantém mágica, sem o realismo exagerado do filme anterior.
Os fãs da franquia formarão novamente suas filas quilométricas nos shoppings para conferir o novo longa, isso é certo. E não sem razão: entrar no universo de Tolkien-Jackson é sempre um prazer - há algo de transcendental na experiência. Mas não há como evitar uma ponta de decepção, mesmo para os seguidores mais fiéis: falta alguma coisa... Falta um pouco mais de Tolkien, um pouco menos de Peter Jackson.
Assista se você:
- É fã da franquia "O Senhor dos Anéis" e "O Hobbit"
- Procura uma aventura empolgante para assistir nas férias
- Quer levar os filhos ao cinema
Não assista se você:
- É um fã mais purista dos livros de Tolkien
- Não gosta de filmes muito longos (este tem 2h41)
- Não se interessa por histórias de fantasia
Por Juliana Varella
Atualizado em 12 Fev 2014.