E lá se foram três anos desde que os primeiros Vingadores invadiram os cinemas com a maior bilheteria de estreia de todos os tempos e, juntos, travaram uma batalha que praticamente devastou Nova York (e a DC Comics). Agora, a Marvel prepara o terreno para uma nova formação do grupo, apresentando nomes novos, afastando antigos e amarrando, pouco a pouco, todo o seu universo cinematográfico e televisivo.
“Vingadores: Era de Ultron” é o décimo primeiro filme da marca nos cinemas, incluindo os longas individuais dos heróis e o aparentemente desconectado “Guardiões da Galáxia” – que já começa a encontrar seus próprios pontos de convergência. Ambiciosa, a superprodução abraça personagens do universo X-Men, modificando suas identidades de “mutantes” para “aprimorados” porque os direitos da franquia ficaram com a Fox. Em breve, Homem-Formiga, Pantera Negra, Capitã Marvel e até o Homem Aranha também se unirão ao time.
Por enquanto, o que temos é a velha equipe – Capitão América (Chris Evans), Homem de Ferro (Robert Downey Jr.), Thor (Chris Hemsworth), Viúva Negra (Scarlett Johansson), Hulk (Mark Ruffalo) e Gavião Arqueiro (Jeremy Renner) – resgatando o cetro de Loki das mãos de um general russo numa sequência inicial que parece feita para agradar aos fãs (bastante forçada, diga-se de passagem). No processo, eles conhecem os gêmeos Pietro (Aaron Taylor-Johnson) e Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen), cuja missão de vida é destruir os Vingadores e, particularmente, Tony Stark (Downey Jr.).
Os irmãos poderiam ser o maior problema dos heróis, mas são apenas o começo: de posse do cetro (e da joia do infinito contida nele – desculpem, mas a identidade da gema já estava clara há tempos), Stark e Banner (Ruffalo) decidem fazer algumas experiências. As coisas dão errado e o que emerge é Ultron (voz de James Spader) uma inteligência artificial capaz de viajar pela internet e ocupar diversos corpos mecânicos simultaneamente, com um único objetivo: destruir a raça humana para alcançar a paz no mundo.
Ultron é surpreendentemente bem humorado para um vilão, mas sua criação não gera o conflito esperado entre os heróis – o debate que se dá quando ele nasce é superficial e apressado, desperdiçando uma grande chance de revelar pensamentos dos personagens uns sobre os outros. O mesmo ocorre mais a diante, quando surge Visão (Paul Bettany), uma criatura ainda mais polêmica que poderia rachar o grupo.
Se o desenvolvimento dos Vingadores como uma equipe fica a desejar, alguns conflitos individuais ganham espaço: o Gavião Arqueiro, por exemplo, tem finalmente sua chance de brilhar – e, quem diria, rouba todos os holofotes. Wanda, Viúva Negra e Hulk também se destacam, protagonizando alguns dos melhores diálogos do filme.
Conteúdo à parte, quem comprar o ingresso de olho nas cenas de ação não sairá desapontado. Além da abertura, outras duas grandes batalhas acontecem – uma entre Hulk e Homem de Ferro e outra no final, entre os Vingadores e o exército de Ultron (essa, sim, imperdível). O humor que marcou o primeiro filme também retorna bem equilibrado, apesar de menos frequente, apostando em piadas internas.
“Era de Ultron” sem dúvida será outro sucesso explosivo de bilheterias, mas, diferente de “Os Vingadores”, corre o risco de não ser uma unanimidade entre fãs e leigos. Com novos personagens, referências obrigatórias a outros filmes (ou séries) e explicações encurtadas para dar espaço à ação, o longa pode se tornar cansativo ou confuso para quem não acompanha tão avidamente a franquia. Mesmo assim, é uma amarração bem feita de todo o universo Marvel até agora, com ganchos para o futuro que deixarão os fãs com água na boca. Que venham os novos Vingadores.
Por Juliana Varella
Atualizado em 24 Abr 2015.