Já imaginou poder assistir (legalmente) a um filme em casa no mesmo dia de sua estreia nos cinemas? Uma plataforma chamada “Screening Room”, criada pelo co-fundador da Napster e ex-presidente do Facebook Sean Parker, juntamente com Prem Akkaraju, promete acabar com os tradicionais três meses (ou mais) de espera entre o lançamento na telona e o streaming doméstico, mas a conveniência virá com um custo: a princípio, a ideia é cobrar 50 dólares por filme (que ficará disponível por 48 horas), além de outros 150 dólares para a aquisição do aparelho anti-pirataria que permitirá o acesso às estreias.
A proposta é duplamente arriscada. Primeiro, porque ninguém sabe realmente se o público estará disposto a pagar esse valor. Segundo, porque as redes de cinemas americanas já entraram em diversas disputas com canais de televisão e streaming (Netflix sendo o caso mais recente) pelo direito de exibir os filmes antes de todas as outras plataformas.
O fim dessa exclusividade é, provavelmente, questão de tempo, mas as redes de cinema ainda são muito influentes junto aos estúdios de Hollywood e, sem o apoio deles, o Screening Room jamais poderia oferecer aos seus clientes o que eles realmente querem – que são os grandes blockbusters. Felizmente (para Parker e Akkaraju, pelo menos), grandes nomes da indústria já se mobilizaram a favor do projeto, alegando que ele ajudaria a ampliar o acesso aos filmes (atingindo pessoas que não têm tempo para ir ao cinema, mas gostariam), ao invés de prejudicar o mercado exibidor.
Estratégia
A estratégia do grupo para ganhar o apoio das redes, porém, é bem agressiva. Além de oferecer aos cinemas uma porcentagem generosa dos lucros, existe a promessa de presentear os clientes com dois ingressos para cada filme alugado – assim, os cinemas ainda podem lucrar sobre o consumo desses espectadores. Vale lembrar que, nos Estados Unidos, a média do preço de um ingresso de cinema gira em torno de oito dólares.
Martin Scorsese, Steven Spielberg, Peter Jackson, J.J. Abrams e Ron Howard estão entre os nomes que já se pronunciaram a favor da novidade. Ainda não há previsão para o lançamento do serviço.
Por Juliana Varella
Atualizado em 14 Mar 2016.