Famoso por criar controvérsia e polêmica, Pedro Almodóvar já dirigiu 19 filmes, todos com roteiros de sua autoria, incluindo sua mais recente comédia, “Amantes Passageiros” (Pedro Almodóvar, Espanha, 2013), que estreou esse ano. É com certeza um dos diretores contemporâneos mais importantes da Europa, e o com maior destaque na Espanha desde Luis Bañuel e Carlos Saura.
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Para entender a inspiração para seus filmes, é preciso olhar para o passado do diretor. Nasceu em La Mancha, uma cidade interiorana da Espanha, em um ano incerto (pode ter sido entre 1949 e 1951). Pedro se mudou com a família ainda novo para Orellana de Vieja, onde o trabalho de sua mãe como escrivã de cartas o inspirou a pensar a ficção. Aos dez anos foi estudar em um internato religioso onde além de presenciar abusos sofridos pelos colegas, experimentou o cinema pela primeira vez, de acordo com o site IMDb.
Em 1969 ocupou um cargo administrativo na Telefônica. Na época todas as escolas de cinema da Espanha foram fechadas pelo governo ditatorial. Pedro se engajou na resistência, entrou para um grupo de teatro nomeado “Los Gollordos” e gravou diversos filmes em Super 8, além de escrever para revistas alternativas. Com a morte do ditador Francisco Franco, iniciou-se uma revolução artística junto com a democratização da Espanha, chamada Movida Espanhola (Movida Madrileña).
Foi o início do florescimento da cultura alternativa e underground dos jovens espanhóis, que tinha um caráter nacionalista e criou uma nova identidade para o país. Dentre outros ideais, a Movida celebrava a liberdade de expressão e quebra de taboos. O primeiro filme de Almodóvar, “Pepi, Luci, Bom e Outras Garotas de Montão” (Pedro Almodóvar, Espanha, 1980), e o subsequente “Labirinto de Paixões” (Pedro Almodóvar, Espanha, 1982), são considerados os dois longas-metragens mais característicos e icônicos do período.
COMO NASCEM AS TRAMAS
As tramas de seus filmes são formadas pelo drama pessoal de cada um dos personagens, costuradas todas juntas de forma harmônica. Os acontecimentos bizarros e os dramas inusitados de seus enredos acabam por parecer verossímeis e realísticos pela forma sutil com que são contados. As histórias são sobre pessoas, nem boas nem más, e que tomam decisões tanto certas quanto erradas, criando pequenas reviravoltas frente a um cenário mais amplo.
Dentre os temas mais explorados pelo diretor, pode-se destacar a relação mãe-filho, o luto, a homossexualidade e a luta das mulheres. Esses temas acabam se relacionando com as aspectos de sua vida pessoal. Por exemplo, Almodóvar afirma nunca ter sofrido abusos por parte dos padres quando estudou no internato, mas conta que presenciou colegas passarem pelo sofrimento.
De qualquer modo, a experiência ficou marcada a ponto da homossexualidade ser recorrente em seus filmes. Essa fase de sua vida é claramente relatada no longa “Má Educação” (Pedro Almodóvar, Espanha, 2003).
Você sabe que está assistindo Almodóvar quando...
Cores fortes
O diretor tem um olhar incrível para cores. Cada quadro é cuidadosamente pensado, e as cores ganham destaque, saltando aos olhos. O vermelho é uma cor muito explorada, e costuma ser usada para guiar o foco do expectador.
Musas e Musos / Atores e atrizes fetiche
Almodóvar encontrou várias atrizes para serem suas musas. São elas Carmen Maura, Penélope Cruz, Marisa Paredes, Rossy de Palma, Chus Lampreave. Seu único “muso” é Antonio Banderas, que se tornou popular mundo afora nas mãos do diretor.
Homossexualidade
Nem sempre como protagonistas, os homossexuais aparecem com recorrência nos filmes de Almodóvar.
Adoração a Mulheres
O diretor nunca escondeu seu amor declarado a mulheres. Elas sempre aparecem com personalidade forte, e muitas vezes são o centro do enredo.
Trilha Latina
A música latina se mistura com a espanhola para embalar suas tramas. Caetano Veloso fez uma participação especial em “Fale com Ela” (Pedro Almodóvar, Espanha, 2002), cantando “Cucurrucucú Paloma”, uma música mexicana.
Espanha
Todos os filmes de Almodóvar se passam na Espanha. Sua cidade natal, La Mancha, é muitas vezes o cenário de seus roteiros.
Por Gabriela Rodriguez, aluna do 2o. semestre do curso de Jornalismo da ESPM
Atualizado em 3 Out 2013.