Aos 78 anos, Allan Stewart Königsberg, ou Woody Allen, se mantém entre os nomes mais influentes de Hollywood. Com quase 50 filmes produzidos ao longo da carreira, o diretor nascido em Nova York nunca deixa de colocar elementos pessoais em seus longas.
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Autocrítico, Allen constrói personagens que refletem sua visão de si mesmo – e às vezes até os interpreta. Seus protagonistas são, em geral, pessimistas, sempre munidos de ironia, com dificuldade para lidar com mulheres e relacionamentos e pouco organizados no dia-a-dia.
A vida pessoal do cineasta é cercada por polêmicas - dois divórcios, um longo e conturbado relacionamento com Mia Farrow, acusações de estupro e, por fim, mas não menos chocante, um casamento duradouro com uma das filhas adotivas.
Woody Allen transporta todo o caos do matrimônio para seus enredos e, em geral, o faz em cidades cosmopolitas. Blue Jasmine, seu longa mais recente, é um exemplo disso: parte de uma crise conjugal para desenvolver o retrato de uma personagem à beira do colapso, que rendeu o Oscar a Cate Blanchett.
Prêmios
Produzida em 1977, a comédia romântica “Annie Hall” (“Noivo Neurótico, Noiva Nervosa”, no Brasil), levou quatro estatuetas do Oscar, a mais antiga premiação de Hollywood: melhor filme, diretor, atriz e roteiro original.
A obra mais premiada do diretor contém os elementos-chave para entender sua filmografia: passa-se numa metrópole, aborda relacionamentos fracassados e carrega uma boa dose de pessimismo. As conversas do protagonista (Woody Allen) com o público também ajudam a entender outro aspecto de seu trabalho: o diálogo, ou monólogo (e não a ação propriamente dita), é o que serve de base para reflexões intelectualizadas.
Famoso por não comparecer a premiações de Hollywood - inclusive quando é indicado – Allen surpreendeu os colegas e o público quando não apenas compareceu ao Oscar em 2001 como prestou uma homenagem a Nova York, após a tragédia do 11 de Setembro.
Europa
Apesar de se identificar com os Estados Unidos, Woody Allen tem incluído a Europa em suas locações na última década. O diretor tem tanta habilidade com a ambientação que é difícil não querer agendar uma viagem internacional após assistir a “Meia-noite em Paris”, por exemplo.
Além das paisagens, Woody Allen coloca em seus personagens e na trilha um pouco da excentricidade de cada país: há o temperamento explosivo de Maria Elena (Penélope Cruz) em “Vicky Cristina Barcelona”; o charme parisiense no figurino de Adriana (Marion Cotillard) em “Meia-noite em Paris”; em “Para Roma com Amor”, é a música italiana que conecta as histórias.
Você sabe que está assistindo a um Woody Allen quando...
Há um personagem judeu
O diretor não perde a chance de discutir a religião judaica, normalmente incluindo algum personagem judeu (que pode ser ele mesmo) nos filmes.
O protagonista é neurótico
Um psicólogo/psiquiatra ajuda um homem de meia-idade em crise. Esta situação é um clássico em Woody Allen.
Ele fala demais
O uso excessivo de palavras ou frases, muitas vezes para explicar algo sem importância, é comum nas obras do diretor e é um dos seus traços mais cômicos.
A trilha sonora é jazz
O estilo musical preferido de Woody Allen está na trilha sonora da maioria de seus filmes. O diretor toca clarinete toda semana em um bar nova-iorquino.
As mulheres são fortes
Em entrevista ao jornal inglês “The Guardian”, o diretor afirmou que “Memórias Postumas de Brás Cubas” está entre seus cinco livros preferidos. As semelhanças entre a prosa do escritor realista brasileiro e algumas temáticas de filmes de Woody Allen são notáveis. As personagens femininas, nas obras de ambos, são sempre mais determinadas e fortes que as masculinas.
O cenário é Nova York
“Annie Hall”, “Manhattan”, “Contos de Nova York”, “Um Misterioso Assassinato em Manhattan”, “Tiros na Broadway”, “Melinda e Melinda”, “Tudo Pode Dar Certo” e “Igual a Tudo na Vida” são alguns dos títulos que se passam na cidade-fetiche de Woody Allen.
Não há muita ação
Tiroteios, carros em alta velocidade, mocinhas em perigo. Não se deve esperar nada disso em Woody Allen. Diretor de temas mais culturais e psicológicos, o nova-iorquino costuma retratar as imperfeições na índole do ser humano.
Por Marina Ayub, aluna do 2º Semestre do curso De jornalismo da ESPM
Atualizado em 6 Mar 2014.