Entre tanto pessimismo diário, às vezes, tudo o que você precisa é de uma história positiva – não sobre uma grande superação cheia de sofrimento, mas sobre pequenas atitudes boas, sobre situações ruins que encontram soluções inesperadamente simples. Às vezes, tudo o que você precisa é de um filme como “Um Santo Vizinho” – de preferência com Bill Murray no papel principal.
O longa de Theodore Melfi (“Winding Roads”) parte de um clichê (a criança esperta derrete o coração de um adulto rabugento), mas usa-o apenas para expandi-lo, construindo a partir daí um roteiro com personagens curiosos e sub-tramas bem amarradas.
Murray é Vincent, um veterano de guerra que lutou no Vietnã e, hoje, vive sozinho com um gato e cultiva como amante e amiga uma prostituta grávida (Naomi Watts). Certo dia, um novo par de vizinhos se apresenta à sua porta: uma mãe em processo de divórcio (Melissa McCarthy) e um garotinho de 11 ou 12 anos chamado Oliver (Jaeden Lieberher).
O passado de Vincent vai se revelando aos poucos, enquanto Oliver passa suas tardes com ele após as aulas. A mãe trabalha num hospital local e raramente consegue voltar cedo para casa, mas a ausência não chega a ser tratada como um grande problema (e, sim, como uma provocação eventual).
“Um Santo Vizinho” foge de situações melodramáticas e sugere outros caminhos, como uma briga de escola que logo se transforma em amizade, um professor de religião que aceita todas as crenças, uma briga judicial que acaba não sendo tão ruim assim e uma doença que, encarada com naturalidade, deixa de ser um bicho de sete cabeças.
Leve, mas tocante, a comédia dramática é um programa perfeito para aqueles dias em que se procura um filme simplesmente adorável - nem esquecível demais, nem sofisticado demais. Na medida certa.
Por Juliana Varella
Atualizado em 2 Fev 2015.