Quando “Velozes e Furiosos 7” chegar aos cinemas, nesta quinta-feira, prepare-se para ver marmanjos derramando lágrimas e prometendo amor eterno à saga que já completa quase quinze anos. Como explicar tanta lealdade a uma franquia apoiada em carros, tiros e explosões? O segredo, provavelmente, tem nome e sobrenome: Vin Diesel.
O ator que interpreta Dominic Toretto desde 2001 (e que só não participou do segundo filme) representa, dentro e fora do personagem, tudo o que os fãs mais admiram na série – que, por incrível que pareça, não são exatamente os carros. Por baixo de uma camada grossa de entretenimento banhado a testosterona, há um modelo de masculinidade sensível, personificada num protagonista que trata sua equipe como “família”, respeita a esposa e joga limpo até na hora de brigar.
Por trás das câmeras, Diesel não é tão diferente de Toretto: o ator não teve vergonha de chorar em público após a morte do amigo e companheiro de cena, Paul Walker (em 2013), e aproveitou a produção do filme para mobilizar uma das homenagens mais bonitas que o cinema já viu.
James Wan, o novo diretor da série (mais conhecido por seus trabalhos com horror), pode ter dado uma mãozinha nessa missão: se as cenas finais foram claramente idealizadas por Diesel, o restante do filme é obra do cineasta malasiano, que faz deste episódio, facilmente, o mais grandioso da franquia até agora.
“Velozes 7” é mais tudo: mais veloz, mais barulhento, mais melancólico e muito, mas muito mais absurdo. Pense em carros saltando de pára-quedas. Pense em Jason Statham vencendo uma luta no braço contra Dwayne Johnson. Pois é... Se esse é seu tipo de filme, vá fundo!
O longa aposta tão pesado em ação que temos a sensação de estar vendo um misto de “Os Mercenários” e “Transformers”, com a força bruta e o coração mole do primeiro (talvez Diesel e Stallone tenham mais em comum do que parecem) e os efeitos especiais estilo “o céu é o limite” do segundo. Entre os novos valentões, entram para o elenco Ronda Rousey, Kurt Russell e Nathalie Emmanuel (de Game of Thrones).
Com um enredo um pouco mais coerente que alguns filmes anteriores, o longa funciona como uma grande despedida a Walker. O vilão, desta vez, é Deckard Shaw (Statham), irmão do criminoso derrotado no filme anterior que aparece buscando vingança. Para proteger os amigos, Brian O’Conner (Walker) se une a Toretto numa última missão – jurando se dedicar exclusivamente à família quando tudo terminar.
Essa ideia de que a esposa e os filhos estão acima de tudo paira sobre a ação, deixando para os fãs uma mensagem bem clara: carros e tiros são apenas entretenimento; a família é a aventura da vida real. E é por esse tipo de postura, honesta e despretensiosa, que a franquia não acabará por aqui.
Por Juliana Varella
Atualizado em 2 Abr 2015.