A primeira regra de ouro para qualquer filme, de arte ou de massa, é que cumpra sua promessa. No caso de uma comédia adolescente, o que se espera são boas risadas, situações embaraçosas envolvendo o amadurecimento dos personagens e doses minimamente altas de sexo e drogas, sob o contexto da universidade. Pois “Vizinhos”, novo longa de Nicholas Stollet (roteirista de “Sim, Senhor” e dos dois “Muppets”), se sai surpreendentemente bem nessa tarefa.
O filme não vai arrancar risadas de cinéfilos veteranos, nem, talvez, de pré-adolescentes – mas nem tem essa pretensão. Seu público são universitários e jovens adultos, aqueles que, apenas alguns anos antes, estavam “do lado de lá”.
Mac (Seth Rogen) e Kelly Radner (Rose Byrne) são um casal assim, nos seus 30 anos, que acaba de ter uma filhinha e se mudar para uma casa espaçosa. Desde o início, conhecemo-os como uma dupla em transição, que sabe que é hora de amadurecer, mas ainda se apega aos velhos hábitos da vida sem responsabilidades.
Enquanto eles se esforçam para agir como pais, um novo caminhão de mudança estaciona na casa ao lado: meninos sem camisa e meninas quase sem calças espalham-se como formigas. É uma república – ou pior, uma fraternidade, mistura de república e atlética comum nas universidades americanas. O pesadelo está instalado.
Não que Mac e Kelly não precisem de uma boa festa: os dois vêm sonhando com uma desde que a pequena Stella nascera, mas, todas as noites? Eles não têm mais vinte anos... Ou têm?
O conflito entre o fim da adolescência e o início da vida adulta assombra tanto o presidente da fraternidade, Teddy (Zac Efron), quando o casal, mas isso não os coloca, em momento algum, no mesmo time. A sacada é inteligente para um filme que tinha tudo para ser apenas mais um apanhado de clichês, e instiga nossa curiosidade sobre quão longe cada um deles conseguirá chegar para proteger seu ninho.
Torcemos pelos jovens pais, mas também nos divertimos com Teddy e os garotos, especialmente na festa temática de Robert De Niro (como não amar?). Entre canos estourados e air bags roubados, o duelo toma proporções tão épicas quanto as festas da fraternidade, ameaçando a segurança e o relacionamento de Mac e Kelly.
Ver o casal em sua intimidade oferece breves respiros da ação intensa que ocupa a maior parte do longa, e nos coloca o mais perto possível de sua aflição. Mas este não é um drama e nenhum conflito se aprofunda o suficiente para tornar a experiência pesada. Logo, estamos de volta ao ringue e aos planos absurdos do casal em busca do silêncio. Perdoável: absurdo seria se o filme se levasse a sério.
Assista se você:
- Gostou de comédias como “Ligeiramente Grávidos” ou “Superbad”
- Procura um filme leve e engraçado, mas inteligente
- Tem vinte e poucos ou trinta e poucos anos e se identificou com a sinopse
Não assista se você:
- Não gosta de comédias americanas
- Não quer ver um filme adolescente
- Procura uma comédia com menos ação
Por juliana Varella
Atualizado em 22 Jun 2014.