Guia da Semana

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Os profissionais da área de ensino de idiomas provavelmente já se depararam com essa afirmação algumas vezes. Com essa necessidade cada vez mais marcante, à procura pela tão sonhada fluência cresce diariamente nos cursos de inglês. E junto com isso, cresce também a busca por "milagres" e métodos que se propõem a concretizar tais "milagres". Muitas vezes, ao procurar um curso de inglês, a primeira pergunta que a pessoa interessada faz é: "E a conversação?", ou "Quando serei fluente?", como se essas habilidades fossem desenvolvidas do dia para a noite. Não digo que esse imediatismo seja culpa da pessoa, mas está relacionado ao nosso modo de vida atual.

No entanto, quando se trata de aprendizado, do que quer que seja, há sempre um processo envolvido, e um processo que varia de pessoa para pessoa. Vejamos um exemplo: todos os bebês brasileiros começam a falar suas primeiras palavras exatamente na mesma idade? Não... Em média, eles começam por volta de 1 ano e meio de idade, mas alguns começam um pouco antes ou um pouco depois dos outros, muito embora todos eles estejam expostos a um meio social (família, TV, diálogos ao redor deles) que lhes fornece estímulos (sons) em língua portuguesa. Podemos concluir, portanto, que a fala vai surgir quando a criança estiver no seu momento individual mais propício para tal.

Se uma criança leva aproximadamente 1 ano e meio para pronunciar as primeiras palavras em sua língua materna, o que podemos esperar que ocorra a um adulto, em contato constante com a língua portuguesa, em relação ao aprendizado de uma segunda língua, da qual a quantidade de estímulos recebidos não é tão numerosa e frequente? Muito provavelmente o processo que o levará à fluência não será tão rápido quanto ele gostaria.

E em relação à fluência, aqui cabe um questionamento: o que significa "ser fluente"? Falar uma língua bem rapidamente, muitas vezes com erros de pronúncia e estrutura ou apenas conseguir expressar suas opiniões, ideias e sentimentos nessa língua, sem a obrigação da rapidez excessiva? O senso comum apostaria mais na primeira opção. Mas de que vale falar rapidamente, se muitas vezes a pessoa não se faz entender por conta de aspectos linguísticos inadequados presentes na fala? Talvez seja melhor falar de forma mais natural, cometendo menos deslizes, não?

Além dos fatores cognitivos de que falamos até agora, não podemos nos esquecer de que o lado psicológico também interfere no desenvolvimento da habilidade de conversar em uma língua estrangeira. A tendência é que pessoas excessivamente autocríticas e tímidas tenham mais dificuldades para se expressar, pois o medo de errar as retrai. Isso apenas eleva o cuidado que os profissionais da área de ensino de línguas precisam tomar ao trabalhar a conversação com seus alunos. Às vezes, um simples comentário bem intencionado, mas mal colocado, pode criar um bloqueio no aluno que o levará a se fechar e evitar a exposição durante o aprendizado.

Sendo assim, como pudemos perceber, há vários fatores que precisam ser considerados ao discutirmos a fluência e a conversação em língua estrangeira. No entanto, algo é indiscutível: para aprendermos algo novo, sempre são necessárias boas doses de dedicação, motivação e força de vontade. Esses, sim, são elementos que podem ajudar a antecipar os resultados almejados.

Leia a coluna anterior de Renato Imparato:

Fazer ou não?

Quem é o colunista: Renato Imparato de Magalhães, 23 anos, pós-graduado em Língua Inglesa pelo Centro Universitário Ibero-Americano (Unibero), Coordenador de Desenvolvimento do Material Didático de Inglês - Kumon.

O que faz: Participa da elaboração dos materiais didáticos de Inglês utilizados na rede Kumon e atua também com o suporte às filiais para o aprimoramento no uso desses materiais.

Pecado gastronômico: Doces em geral.

Melhor lugar do mundo: Qualquer cidade de clima frio.

Fale com ele: [email protected]

Atualizado em 6 Set 2011.