Guia da Semana

Para tentar incentivar a produção nacional, o governo brasileiro adotou, recentemente, uma série de medidas que aumentam a tributação de bebidas alcoólicas importadas. O vinho não ficou de fora e, a partir de outubro, vai ficar mais caro comprar rótulos de fora no Brasil.

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"O aumento dos impostos acaba por elitizar ainda mais as bebidas, pois vai encarecer ainda mais os rótulos e diminuir o consumo de vinho", afirma Eduardo Viotti, editor da revista Vinho Magazine e jurado internacional de vinhos. Eduardo é organizador do Wine Weekend, evento de degustação de vinho que acontece no Jockey Club e reúne rótulos importados e nacionais e vai selecionar os 15 melhores vinhos brasileiros do evento, cuja decisão vai ser escolhida pelo público.

Se tiver um lado bom disso tudo é que, com as restrições do mercado externo, o fermentado de uvas nacionais vai ganhar mais espaço entre os consumidores, sendo uma boa ocasião para aprender mais sobre o vinho nacional.

Porque os brasileiros são deixados de lado
Segundo Eduardo Viotti, 80% dos vinhos nacionais ainda são de produções de uvas americanas. Isso resulta em rótulos de mesa, uvas do estilo mais rústico e de qualidade inferior aos finos (produzidos na Europa). "Temos uma evolução clara na produção nacional, mas nosso padrão de qualidade ainda é médio, sem a qualidade dos grandes países tradicionais na produção de vinho", enfatiza.

Esse é o primeiro motivo pelo qual os vinhos brasileiros são deixados de lado na hora da compra. Outros fatores que contribuem na hora das escolhas são a alta tributação de impostos, que acaba tornando o processo de produção muito mais caro do que os vinhos de fora.

Principais regiões produtoras e uvas


Elaborado com uvas Cabernet Sauvignon, Merlot, Ancellota, Refosco e Alicante Bouschet

A Serra Gaúcha é maior região de produção de vinho do país, com cerca de 40 mil hectares de vinhedos. Corresponde a 90% do vinho produzido no Brasil e tem como destaque o município de Bento Gonçalves. Entre as uvas, as tintas merlot, cabernet sauvignon e Cabernet Franc. Já as brancas chardonnay, sauvignon Blanc e riesling itálica.

Na fronteira do Brasil com o Uruguai, a Campanha Gaúcha é a região produz uvas tannat, cabernet sauvignon e merlot entre as tintas e riesling, chardonnay e gewurztraminer entre as brancas.

Nas cidades de Petrolina e Juazeiro, o cultivo tornou-se possível graças à irrigação controlada com a água do rio, no Vale do São Francisco. As uvas de destaque são moscatel, cabernet sauvignon e syrah. No município de Casa Nova, no lado baiano, as empresas Miolo e Lovara produzem brancos secos, brancos doces, tintos e espumantes da marca Terranova.

Na altitude de 1200 metros, o Planalto Catarinense é uma das regiões mais frias do Brasil. As principais cidades produtoras são São Joaquim e Bom Retiro. Na região o foco são na produção de vinhos de uvas europeias, como cabernet sauvignon, merlot, cabernet franc, chardonnay , sauvignon blanc, malbec, syrah , tannat, sangiovese e montepulciano.

Dicas na hora de escolher um vinho nacional

Esses são os cinco rótulos de vinhos brancos recomendados por Eduardo Viotti


- Vinho tinto fino e vinho de mesa – os vinhos finos são produzidos com uvas mais especiais e é um método de produção Europeu. Já os vinhos de mesa trabalham com uvas rústicas, processo semelhante ao norte-americano.

- Vinhos com adição de açúcar depois da produção – para atingir o teor alcoólico esperado, alguns vinhos ganham açúcar no processo de produção. Evite os que ganham açúcar depois do processo e não antes, pois além de estragar os dentes, não permite que o consumidor tenha uma experiência real no paladar com a uva (exceção aos vinhos licorosos). As informações estão escritas no rótulo.

- Vinhos de supermercado - os espaços que oferecem o acesso mais facilitado para compra de vinhos são os supermercados. Como eles não dispõem de uma maneira correta para guardar os rótulos, o recomendado é que o consumidor não compre vinhos muito velhos, pois podem apresentar avaria. O tinto não pode ser abaixo de 2009 e o branco abaixo de 2010.

- Vale São Francisco melhor custo-benefício - apesar de não ter um bom tempo de repouso no inverno, o Vale São Francisco tem um bom custo benefício, pois o ciclo da uva é rápido e chega a ser produzindo até duas vezes por ano.

Onde encontrar
Sem sombra de dúvida, os melhores lugares para encontrar vinhos são as lojas especializadas, pois elas oferecem um preço mais acessível dos principais rótulos do mercado. Se você quer optar por um bar com boa carta da bebida, os wine-bares são a solução.


Confira a seleção indicada por Eduardo Viotti

Vinhos Tintos
1. Anima Vitis - Boscato
2. Salton Volpi Merlot
3. Quinta do Seival Castas Portuguesas Miolo
4. Quinta da Neve Pinot Noir
5. Villa Francioni Joaquim

Vinhos Brancos
1. Salton Virtude
2. Casa Valduga Leopoldina Chardonnay
3. Sanjo Núbio Sauvignon Blanc
4. Pizzato Chardonnay
5. Miolo Alvarinho

Por Leonardo Filomeno

Atualizado em 19 Jul 2012.