São tantas fases, discos e histórias que seria necessária uma linha do tempo montada pela NASA pra podermos falar sobre a carreira do David Bowie. Mas vamos tentar dar pelo menos uma pincelada aqui.
Depois de dezenas de discos de estúdio, dez anos se passaram sem que o camaleão manifestasse sua arte. E eis que, em março de 2013, ele lança “The Next Day”, um disco tão sensacional quanto os videoclipes produzidos para promover os singles.
Além do disco, o artista participou da campanha da Louis Vuitton e ganhou uma exposição bombada em Londres, que inclusive vem para o Brasil. A "David Bowie Is" fica em cartaz entre os dias 28 de janeiro e 21 de abril de 2014, no Museu da Imagem e do Som, em São Paulo.
Enfim, Bowie aterrorizou depois de uma década um tanto quanto silenciosa. Ele é ou não é o cara? É!
Rocker – 1966 a 1969
Bowie sempre foi esperto, tanto que ele escreveu “Space Oddity” em 1968 e lançou o single somente em 69. A ideia era coincidir o lançamento com a data da chegada do homem a Lua. Deu tão certo que a faixa ficou entre as Top 5 das paradas inglesas.
Álbuns de Estúdio: David Bowie (1967) e Space Oddity (1969).
Cantor vs contador de história – 1970 a 1971
Se apresentou no Glastonbury em 23 de junho de 1971. Foi a primeira vez que o cantor tocou em um festival. Na época, Bowie estava em uma transição do visual rocker para a androginia. Ele realmente investia em um personagem. Foi aqui também que ele entrou numas de contar histórias, tanto que em "The Man Who Sold The World", ele narra um conto de terror.
Álbuns de Estúdio: The Man Who Sold the World (1970) e Hunky Dory (1971).
Ziggy Stardust – 1972 a 1973
Nessa fase Bowie fez história. Ele invade a era glam rock com seu alter ego mais que extravagante e faz história no universo da música. Em 1973, a turnê Ziggy Stardust chega aos Estados Unidos e depois disso ninguém seguraria o cantor. Durante esse período Bowie produz o álbum “Transformer”, de Lou Reed e lança “Aladdin Sane”, de 1973, disco que ficou em primeiro lugar no Reino Unido, sendo o seu primeiro álbum a alcançar o número 1.
Álbuns de Estúdio: The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars (1972), Aladdin Sane (1973) e Pin Ups (1973).
Halloween Jack – 1974 a 1975
Em 1974, David Bowie vai de mala e cuia pros Estados Unidos, mais precisamente em Nova YorK e, musicalmente, entra numa onda soul e funk. No álbum “Diamond Dogs” ele se inspirou no romance “1984”, de George Orwell e dá uma pirada sobre um futuro selvagem numa cidade pós-apocalíptica.
Álbuns de Estúdio: Diamond Dogs (1974) e Young Americans (1975).
Thin White Duck – 1976
Desta vez, "Thin White Duke" tomou conta de Bowie. O alter ego era uma extensão de Thomas Jerome Newton, o extraterrestre que ele retratou no filme “The Man Who Fell to Earth”, de Nicolas Roeg. Depois de alguns problemas com cocaína, Bowie ficou mais tranquilo e agora estava mais interessado em misticismo
Álbuns de Estúdio: Station to Station (1976).
A Era Berlim – 1977 a 1979
Com a ideia de respirar novos ares e revigorar suas músicas, Bowie vai pra Alemanha depois de uma temporada na Suíça. Nesta fase ele fica muito amigo de Iggy Pop e colabora com o álbum “The Idiot”. Também atua no filme “Just a Gigolo” (1978), de David Hemmings e lança o álbum “David Bowie Narrates Prokofiev’s Peter and the Wolf” (1978) com a Orquestra da Filadelfia regida por Eugene Ormandy.
Álbuns de Estúdio: Low (1977), Heroes (1977) e Lodger (1979).
Bowie 80’s – 1980 a 1985
Foi quando Bowie lançou o álbum “Scary Monsters (and Super Creeps)” com a música "Ashes to Ashes", que ficou em primeiro lugar nas paradas. O videoclipe da canção foi um dos mais caros e inovadores de todos os tempo. Ele também participou e fez a trilha do filme “Eu, Christiane F., 13 Anos, Drogada e Prostituída”, e ainda se juntou com Freddie Mercury para lançar junto o single, "Under Pressure".
Álbuns de Estúdio: Scary Monsters (and Super Creeps) (1980), Let’s Dance (1983) e Tonight (1984).
Jareth – 1986 a 1987
Fez o filme “Labirinto - A magia do tempo”, em 1986, interpretando Jareth, o Rei dos Duendes e também compôs uma trilha para o filme. Isso lhe garantiu extrema popularidade. Bowie também deu um 180º e fez de “Never Let Me Down” um disco de rock com techno e industrial.
Álbuns de Estúdio: Never Let Me Down (1987).
Tin Machines & Nineties Bowie – 1988 a 1996
Em 1988, ele participa de “A Última Tentação de Cristo”, de Martin Scorsese e também do álbum ao vivo de Tina Turner, “Tina Live in Europe”, fazendo backing vocals. Três anos depois, aparece no capítulo “Fire Walk With Me” do seriado Twin Peaks, de David Lynch e no ano seguinte, em 20 de abril de 1992, participa do tributo a Freddie Mercury em Wembley.
Álbuns de Estúdio: Tin Machine (1989), Tin Machine II (1991), Black Tie White Noise (1993) e Outside (1995).
Earthling (terráqueo) – 1997
O lançamente do “Earthling” foi sucesso. Bowie fez uma mistura de jungle e do drum ‘n’ bass e conquistou críticos e fãs. A música "I'm Afraid of Americans", escrita com Eno para o filme “Showgirls”, de Paul Verhoeven, foi regravada no álbum e remixada para ser lançada como single. Trent Reznor, do Nine Inch Nails, fez isso muito bem e fez com que a música ficasse 16 semanas na Billboard Hot 100 americana.
Álbuns de Estúdio: Earthling (1997).
Bowie Do Milênio – 1998 a 2001
Em 1999, Bowie lançou seu 21º álbum de estúdio e esta foi sua despedida de selo EMI. "Hours" foi o primeiro disco de um artista do mainstream a ficar inteiro disponível para download na internet - e isso aconteceu duas semanas antes de seu lançamento físico. Neste período, também foi quando Bowie se dedicou para o cinema, participando de "Everybody Loves Sunshine"(1999) e "Zoolander" (2001) com Ben Stiller. Protagonizou um longa chamado "Mr. Rice's Secrest" de Nicholas Kendall, foi headliner no Glastonbury de 2000 e, ainda, fez um show beneficente no Madison Square Garden em prol da cidade de Nova York em 2001.
Álbuns de Estúdio: Hours (1999).
Heathen Reality – 2002 a 2005
Como já tinha lançado alguns - vários - trabalhos desde seu último álbum de compilações, em 2002, sai o disco "Best of Bowie". David estava tranquilo produzindo seu 23º álbum de estúdio - "Reality" - quando lhe foi oferecido o título de "Sir" da nobreza inglesa - o que ele nobremente recusou (LOL!). Em 2004, num show na Noruega, Bowie levou uma pirulitada no olho e, depois de ser atendido por sua equipe no backstage, sem perder a elegância, disse pro atirador de pirulito "Ainda bem que você acertou o olho ruim". Em 2005, antenado com o que rolava de promissor na cena musical, se juntou ao Arcade Fire num show no Radio City Music Hall, em NY.
Álbuns de Estúdio: Heathen (2002) e Reality (2003).
Período Sabático – 2006 a 2012
Apesar de ter tirado férias de suas próprias criações musicais, Bowie continuou trabalhando no cinema, TV e na música dos outros. Em 2006, atuou em "O Grande Truque", blockbuster dirigido por Christopher Nolan, interpretando um cientista que inventa uma máquina de clonagem. Também participou da segunda temporada da série “Extras” com Ricky Gervais e dublou o personagem Lord Royal Highness do desenho Bob Esponja. Em 2008, deu uma palhinha nos backing vocals do disco solo "Anywhere I Lay My Head" da atriz Scarlett Johansson.
Álbuns de Estúdio: ---
O Retorno De Bowie – 2013
E quando todos já estavam saudosos de Bowie, ele chegou arrasando em 2013. Em janeiro, o videoclipe do single “Where Are We Now” foi lançado anunciando um novo trabalho de estúdio após uma looonga década de recesso - frisson total! No final de fevereiro, duas semanas antes do lançamento do novo disco, o clipe “The Stars (Are Out Tonight)", com a atriz Tilda Swinton, estourou na internet. Em apenas uma semana de vendas, o álbum "The Next Day" se tornou o mais vendido do Reino Unido, alcançando um marco que Bowie que não conseguia desde 1993, quando lançou "Black Tie/White Noise". Como se não bastasse, em maio, foi lançado o polêmico vídeo da faixa-título do disco com Marion Cotillard e Gary Oldman que, obviamente, bombou também. Em outubro, James Murphy, ex-LCD Soundsystem, remixou outro single, “Love is Lost”, e entrou para a lista dos melhores remixes de 2013.
Álbuns de Estúdio: The Next Day (2013).
A morte de Bowie - 2016
No dia 10 de janeiro de 2016, pouco depois de completar 69 anos, Bowie perdeu a luta que enfrentava há 18 meses contra um câncer. Perdemos logo ele, que parecia eterno. Mas a verdade é que para os fãs de boa música, Bowie viverá para sempre...
Álbuns de Estúdio: Pouco antes de sua morte, Bowie deixou o álbum Blackstar, lançado em janeiro de 2016.
Por Juliana Andrade
Atualizado em 11 Jan 2016.