Um soco no estômago, daqueles que te deixam zonzo, meio sem ação, sabe? Essa foi a sensação que Roger Waters causou no público presente no Estádio do Morumbi na noite do último domingo, 1°. O ex-Pink Floyd tocou o clássico The Wall, de 1979, na íntegra, com direito a pirotecnia, efeitos sonoros e visuais impressionantes.
Ao chegar no estádio, os milhares de espectadores se depararam com o início da construção do muro (o titulo do álbum é The Wall, "O muro", em inglês) nas duas extremidades do enorme palco. "Mas e os telões? Onde estão?", era a dúvida de grande parte da plateia. No início do show veio a resposta: o muro, na verdade, eram projetores de alta definição, que exibiam a apresentação e as impressionantes intervenções visuais orquestradas por Waters.
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"In The Flesh?", que abre o álbum, foi a primeira música do show. Waters vestiu seu sobretudo de couro e seus óculos escuros. Pronto. O espetáculo começou. Fogos de artifício, sonoplastia, uma avião que destrói parte do muro e bonecos gigantes povoavam o palco para provar que a música era apenas um dos elementos deste espetáculo grandioso e surpreendente.
O show seguiu exatamente o tracklist de The Wall. E na quinta canção do disco e da apresentação, o clássico "Another Brick In The Wall Pt. II", o público se emocionou. Crianças do Instituto Baccarelli, de Heliópolis, ajudaram Waters a cantar. No fim, o músico dedicou o hit ao brasileiro Jean Charles de Menezes, morto em 2005 pela polícia no metrô de Londres. Em um português impecável, Waters disse: "Quero dedicar esse concerto a Jean charles e sua família, que luta pela verdade". O público aplaudiu com uma animação tocante.
The Wall é uma ópera-rock. Um disco conceitual na essência da palavra, que conta a história de Pink (inspirado na vida do prório Waters em vários aspectos), um rapaz atormentado pela dura vida em sociedade. O muro, um símbolo de opressão, representa os traumas da vida de Pink. Ao longo da apresentação, o muro foi literalmente construído. No fim da primeira parte, em "Goodbye Cruel World", a construção foi finalmente completa. Intervalo de alguns minutos para o público (e Waters) recuperar o fôlego perdido por conta da complexidade e dos diversos elementos inclusos no estetáculo grandioso.
Durante o intervalo, mais mensagens: o muro exibiu fotos de vítimas da guerra no último século. E 25 munutos depois, com o grande muro tomando complatamente o palco montado no Morumbi, Waters voltou para tocar "Hey You", canção que abre o disco 2 de The Wall. E o show seguiu. Seguiu impressinante. E bonito. No grande momento da segunda parte da apresentação, o sucesso "Comfortably Numb", o público parecia em êxtase, maravilhado com o que seus olhos viam: Waters estava à frente do muro, em um dueto maestral com um membro de sua banda que fez a voz de David Gilmour, parceiro de Waters no Pink Floyd.
No final da apresentação maestral, o muro caiu em frente ao público, que, maravilhado, aplaudiu eufórico e triste, pois sabia que esse era o momento final, derradeiro. Waters surgiu com sua banda e agradeceu: "Vocês foram uma ótima plateia. Obrigado". No subconsciente de cada um, a resposta foi automática: "Eu que agradeço, Roger Waters. Eu que agradeço".
Setlist da apresentação:
Parte Um
"In the Flesh?"
"The Thin Ice"
"Another Brick in the Wall - Pt. 1"
"The Happiest Days of Our Lives"
"Another Brick in the Wall - Pt. 2"
"Mother"
"Goodbye Blue Sky"
"Empty Spaces"
"What Shall We Do Now?"
"Young Lust"
"One of My Turns"
"Don't Leave Me Now"
"Another Brick in the Wall - Pt. 3"
"The Last Few Bricks"
"Goodbye Cruel World"
Parte Dois
"Hey You"
"Is There Anybody Out There?"
"Nobody Home"
"Vera"
"Bring the Boys Back Home"
"Comfortably Numb"
"The Show Must Go On"
"In the Flesh"
"Run Like Hell"
"Waiting for the Worms"
"Stop"
"The Trial"
"Outside the Wall"
Por Anderson Nascimento
Atualizado em 16 Abr 2012.