Como se empolgar com um show que você sabe o setlist de cor? Uma apresentação sem aquela surpresa ao ver ou ouvir algo inesperado, uma música fora do script ou um improviso? Bom, se esse show for o dos Titãs tocando o clássico álbum Cabeça Dinossauro na íntegra - a estreia da temporada aconteceu na noite da última quinta, 8, no Sesc Belenzinho, e vai até o dia 17, com ingressos esgotados -, existem motivos de sobra para se empolgar.
Mais de 25 anos depois, as canções do álbum, lançado em 1986, ainda fazem sentido. Nos dias atuais, da formação original do grupo restam “apenas” Paulo Miklos, Branco Mello, Sérgio Britto e Tony Bellotto. Nando Reis, Arnaldo Antunes e Charles Gavin deixaram a banda. Marcelo Fromer morreu num trágico acidente, atropelado por um motociclista. Mesmo mutilada, a banda ainda mostra presença de palco e vigor impressionantes, principalmente tocando os clássicos punk e de importância histórica inquestionável de Cabeça Dinossauro.
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O projeto é considerado um dos grandes marcos da história do rock nacional. Suas canções questionam tudo e todos: a religião (“Igreja”), o Estado (“Polícia”, “Estado Violência”), a instituição família (“Família”), o capitalismo (“Homem Primata”, “Dívidas”). Tido como o primeiro grito punk saído de bandas nacionais que ecoou pelos quatro cantos do país e fez barulho, muito barulho. E pensar que até Chacrinha se rendeu ao carisma dos Titãs.
Titãs reunidos tocando clássicos do Cabeça Dinossauro (Carlos Favalli)
Algumas canções do disco - imortalizadas por integrantes que deixaram os Titãs - ganharam novos intérpretes. "Igreja", de Nando Reis, foi cantada por Branco Mello; "Porrada", de Arnaldo Antunes, e "Família", famosa na voz de Nando Reis, ficaram sob a batuta de Sergio Britto; "O Que", que encerra Cabeça Dinossauro e é de autoria de Arnaldo Antunes, foi interpretada por Paulo Miklos.
Mas nem a ausência de boa parte dos integrantes originais dos Titãs estragaria o brilho da noite. "A gente tem muito o que celebrar", bradou Paulo Miklos. Em 2012 os Titãs comemoram 30 anos de estrada. E no bis, após tocarem o Cabeça Dinossauro na íntegra, o que se viu foi uma verdadeira celebração. Os fãs não queriam ouvir baladas, e sim porradas. O rock dos Titãs em sua essência mais pura. E foi isso que eles ganharam. Para fechar, a clássica "Flores", do álbum Ô Blésq Blom, lançado em 1989. O melhor do rock nacional sem cheiro de naftalina.
Setlist: Cabeça Dinossauro (1986) na íntegra:
"Cabeça Dinossuaro"
"AA UU"
"Igreja"
"Polícia"
"Estado Violência"
"A Face do Destruidor"
"Porrada"
"Tô Cansado"
"Bichos Escrotos"
"Família"
"Homem Primata"
"Dívidas"
"O Que"
BIS
"A Verdadeira Mary Poppins"
"Amor Por Dinheiro”
"Nem Sempre Se Pode Ser Deus”
"Aluga-se" (Raul Seixas)
"Diversão"
"Vossa Excelência"
"Televisão"
"A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana"
"O Pulso"
"Fala aí, Renata"
"Será Que É Isso Que Eu necessito"
"Lugar Nenhum"
"Flores"
Por Anderson Nascimento
Atualizado em 10 Abr 2012.