"Esperando Godot" é uma daquelas peças clássicas que mexem não apenas com nossa percepção perante à vida, mas que provocam nosso inconsciente de maneira arrebatadora. Escrita pelo dramaturgo irlandês Samuel Beckett em 1953, o clássico da literatura - e também do teatro - aborda questões filosóficas sobre a condição humana onde o tempo não existe senão como uma eternidade imóvel e morta, instigando-nos a refletir sobre o absurdo da existência a partir da vida social e do choque do homem consigo mesmo, percebendo o íntimo da perplexidade desse encontro.
Em cartaz no Tucarena até dia 27 de novembro e com direção de Elias Andreato, a peça já teve dezenas de produções com diferentes enfoques e é sempre um sucesso. Assim, o Guia da Semana conta tudo o que você precisa saber antes de assisti-la. Confira:
SAMUEL BECKET
Considerado um dos principais autores do século 20 e com obra traduzida para mais de 30 idiomas, Beckett nasceu numa família burguesa e protestante, graduou-se em literatura e estudou italiano e francês. Lecionou em Paris e na Irlanda e escreveu o estudo crítico "Proust", comentando a obra do grande escritor francês.
No início da Segunda Guerra Mundial, Beckett vinculou-se à Resistência Francesa, juntamente com sua esposa, Suzanne Deschevaux-Dusmenoil. Com "Esperando Godot", iniciou, ao mesmo tempo que Ionesco, o teatro do absurdo.
OBRA PÓS-GUERRA
A peça foi escrita no pós-guerra (1943-1953) e explora uma situação estática. O lugar é deserto, possui somente uma árvore ao centro. Lá, dois velhos vagabundos, Vladimir e Estragon, estão esperando Godot. Nada acontece e a atmosfera de vacuidade e monotonia não é alterada senão pela passagem de Pozzo e Lucky (respectivamente, senhor e escravo) que, ao saírem, fazem retornar o vazio. Para preencher o tempo, para enganar o tédio dos dias vazios e iguais, Vladimir e Estragon falam um com o outro mesmo sem ter o que dizer. Assim, travam brigas inúteis e refazem as mesmas perguntas, para assim preencherem o vazio da existência e para se darem, ao menos, a impressão de existirem.
TEATRO DO ABSURDO
Para quem não conhece, o teatro do absurdo é um movimento artístico-cultural, um gênero teatral, que surgiu no começo da década de 1950 na França e refere-se a temas absurdos, fora da realidade, com aspectos tragicômicos; quadros não necessariamente conectados; alternância entre elementos cômicos e imagens horríveis; personagens presos a situações sem solução, forçadas a executar ações repetitivas ou sem sentidos; diálogos cheios de clichês; jogo de palavras e nonsense; e paródias ou desligamento da realidade.
Entre os nomes referência no assunto, estão Samuel Beckett, Eugène Ionesco, Arthur Adamov, Harold Pinter, Fernando Arrebal, Jean Genet e Edward Albee.
RELAÇÃO COM O MUNDO ATUAL
Produzir um texto como " Esperando Godot", na velocidade do mundo de hoje, onde a ESPERA é a protagonista, é um grande desafio. Através de abordagens profundas, que passeiam entre assuntos psicológicos e filosóficos, podemos nos questionar sobre o tempo, sobre nossa atuação perante nossa própria vida e, sem dúvidas, sobre a relação que temos com as várias versões de nós mesmos.
SERVIÇO
Esperando Godot
Onde: TUCARENA (Entrada pela Rua Bartira) Rua Monte Alegre, 1024 – Perdizes
Telefone: 3670-8455
Temporada: De 9 de setembro a 27 de novembro. Sextas e Sábados às 21h / Domingos às 19h
Ingresso: R$50(sexta) e R$60(sábados e domingos).
Vendas online: www.ingressorapido.com.br / Central de Vendas: 4003-1212
Por Nathália Tourais
Atualizado em 14 Out 2016.