À beira do fogo de chão, o camargo – café misturado com leite, extraído da vaca na hora – e o chimarrão ajudam a esquentar as baixas temperaturas do rigoroso inverno, quando não raramente neva. Embalados pelas histórias contadas por tropeiros, os turistas podem experimentar as diferentes receitas a base de pinhão, semente muito utilizada na gastronomia local de Lages, município catarinense localizado no Planalto Serrano, a 223 km de Florianópolis.
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Considerada a “Capital Nacional do Turismo Rural”, a cidade faz jus ao título. Apesar de populosa, com cerca de 150 mil habitantes, Lages também respira os ares da vida típica do campo. Povoado em 1776 por bandeirantes – que, além de proteger o território da invasão dos castelhanos, recebiam tropeiros que viajavam do Rio Grande do Sul a São Paulo transportando gado –, o município mantém suas raízes campeiras.
Algumas das antigas fazendas se transformaram em hotéis que recebem turistas em busca de tranquilidade e contato com a natureza.
História
No Museu Thiago de Castro, parte do patrimônio histórico de Lages está em exposição, como imagens e arquivos dos séc. XVIII e XIX, armas de guerra, ferramentas de trabalho, peças do vestuário e utensílios de cozinha que eram usados no cotidiano das pessoas. Já o Memorial Nereu Ramos conta um pouco da vida e êxitos desse importante político, único catarinense a presidir o país.
Não menos importantes na história da cidade, as construções religiosas fazem parte do roteiro turístico de Lages. A Mesquita Islâmica, construída em estilo oriental, possuí um alto minarete, torre característica das mesquitas. Outro imponente templo é a Catedral Diocesana, concluída em 1922 por padres franciscanos em estilo gótico, que apresenta vitrais e esculturas trazidas da Alemanha. A Igreja Santa Cruz é mais uma atração religiosa, onde, antigamente, os tropeiros se encontravam para conversar, tocar viola e descansar.
Natureza e Eventos
Não por acaso a cidade recebe o apelido de “Princesa da Serra”. Lages possui belas paisagens: coxilhas – relevo com pequenas e grandes elevações, como colinas, cobertos por pastos –, campos, taigas, cânions e pinheirais podem ficar encobertos por neve durante o inverno.
O Parque Natural Municipal João José Theodoro da Costa Neto, por exemplo, possui mais de 8 mil pinheiros nativos e, entre a grande biodiversidade, além de árvores centenárias, estão animais ameaçados de extinção, como a Gralha Azul. Já no Parque Pedras Brancas, o turista pode observar rochas com formatos diferentes, além de uma bela vista.
Outro importante parque da cidade é Jonas Ramos, popularmente chamado de Tanque, uma espécie de lago que aproveita água de cinco fontes naturais próximas, que, no passado, as mulheres usavam para lavar as roupas sem perigo de serem atacadas por índios ou animais. Um pouco mais distante da cidade, a 20km do centro, está outro lago artificial, no Salto do Rio Caveiras.
Lá, a represa, que abriga uma usina hidrelétrica que fornecia energia à cidade – e hoje ainda funciona em situações de emergência –, possui uma pequena cascata, na qual os visitantes podem tomar um banho de rio. No local, onde a pesca é uma atividade muito praticada, é realizada a Festa Mundial do Lambari.
Por falar em festa, a do Pinhão, a mais famosa da cidade, é um dos eventos que mais atrai público a Lages – são cerca de 300 mil pessoas por ano. Na maior manifestação cultural da região, poesia, dança, música e artesanato se misturam numa festa regada aos mais variados pratos feitos a base de pinhão.
Por Juliane Corrêa
Atualizado em 17 Mai 2013.