Guia da Semana

Foto: Ana Fuccia


A região da Luz, em São Paulo, não é vista com bons olhos: apesar de seu grande valor histórico, ficou largada com o tempo, como aconteceu com o centro da cidade. Mas é possível aproveitar sua qualidade cultural: lá é o lugar da Pinacoteca, do Parque da Luz e do Museu da Língua Portuguesa. A beleza da Estação Pinacoteca ganha ares de época com a imponente Estação Júlio Prestes, que hoje é a Sala São Paulo.

A casa da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo foi restaurada e reinaugurada com grande estilo em 1999. Os resultados deste trabalho, que durou um ano e meio, podem ser vistos ainda hoje: a transformação, o grande hall da Estação Júlio Prestes recebeu uma sala com uma infraestrutura espetacular e tecnologia moderna, pronta para receber qualquer tipo de concerto musical.

De dia, sua grandiosidade irradia e nos faz imaginar a movimentação comercial na década de 30. Já à noite, as luzes fazem questão de tentar iluminar o escuro perigoso da região. Ir para a Sala São Paulo em uma manhã de domingo é lidar com dois mundos em um pequeno espaço. De um lado, moradores de rua; do outro, beleza e glamour. São nestas manhãs que acontecem os concertos, sempre às 11h e gratuitos. Excelente momento para conhecer a Sala e o som orquestrado.

É preciso chegar cedo para pegar os ingressos e não dê bobeira: eles acabam mesmo, a casa costuma lotar aos domingos. O público é variado: crianças, adolescentes, adultos, jovens, idosos e de todos os estilos. Eu mesma encontrei um fanzão de Raul Seixas.

A sala é imensa e nos deixa de queixo caído. Ficamos perdidos diante de tantas coisas a serem observadas. O teto é diferente: nada reto, parece meio solto, dizem que ele se move para manter uma melhor acústica. Bem, eu não consegui ver se isso, de fato, acontece, mas não duvido, até porque a qualidade acústica desta sala supera a do Theatro Municipal de São Paulo, Teatro Bradesco, Teatro Alfa e algumas casas de show, como o Credicard Hall.

Plateias estão em todos os lados: embaixo, nas laterais, no alto e até atrás do palco de apresentação. As cadeiras são confortáveis e o ar-condicionado funciona bem. Durante a apresentação não tente tirar fotos: os seguranças são incrivelmente rigorosos. Para falar a verdade, são tão rigorosos que, muitas vezes, eles atrapalharam mais a concentração no concerto do que o choro das crianças.

No momento da apresentação, vale fechar os olhos e curtir. Não ligue se alguém achar que você está dormindo, a experiência é deliciosa. Também é interesssante abrir os olhos e ver os rostos dos músicos, a expressão do regente, observar a reação das outras pessoas, ver como uma adolescente pode dormir e uma criança aproveitar para dançar, no ritmo, com seu ursinho de pelúcia.

No final você certamente aplaudirá de pé, não só pela apresentação, mas pelo todo. Na saída, um cafezinho é bem vindo. Os sofás também são agradáveis, mas não se jogue neles. Apesar de parecerem muito fofos, foram feitos na medida.

Se preferir usar o transporte público, vá de metrô, a estação Luz fica próxima. Se for de salto alto, troque por um sapato confortável: as calçadas paulistanas não são amigas dos saltos - e, neste horário, é tranquilo para andar. Se for de carro, estacione na própria Sala São Paulo: para este evento, o custo é de R$ 6 - dica extra: pague antes de ir para a apresentação, para evitar filas.

Leia as colunas anteriores de Carolina Teixeira:

Theatro Municipal de São Paulo

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Uberlândia

Quem é a colunista: Carolina Teixeira, 26 anos, turismóloga, blogueira e estudante de jornalismo.

O que faz: É freelancer de comunicação e blogueira na maior parte do tempo. Também come, fala (muito), dorme, se diverte e viaja igual a tantos, além de adorar uma leitura, música e ser surpreendida por boas opções de entretenimento.

Pecado gastronômico: Café (não importa como), uma boa massa, sorvete no frio. Ultimamente anda faminta pelo arroz, feijão e bife.

Melhor lugar do Brasil: São Paulo.

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Atualizado em 6 Set 2011.