Se você já passou dos 25, com certeza se lembra de brinquedos como o Genius, o Forte Apache, as bonecas Susi e Emília (aquela do Sítio do Picapau Amarelo), o Batmóvel, o Aquaplay, o Jogo da Vida, o Pega-Varetas... Esses, e outros lendários brinquedos das décadas de 60, 70 e 80, deixaram a infância de muita gente com gosto de "quero mais". Longe do papo nostalgia, só puxamos essa conversa para te contar que esses artigos ainda existem e estão à venda na Galeria Itapetininga, na rua Sete de Abril, no centro de São Paulo. A galeria é assiiiim... uma Brastemp: tem 14 vitrines repletas de brinquedos que fizeram a alegria da criançada há, pelo menos, 40 anos. "Às vezes, são pessoas que compram os brinquedos hoje porque na época o pai ou a mãe não tinham condições de comprar", conta Paulo Rodrigues da Costa, o Paulinho, um dos comerciantes que toma conta das vitrines da Galeria.
Tudo começou com a tradicional feira na praça Benedito Calixto, em Pinheiros, onde algumas barracas já vendiam esse tipo de produto. Embora elas existam até hoje, "para fugir da chuva e do sol", os comerciantes se mudaram para a Galeria e instalaram seus brinquedos em duas vitrines. "Viemos para cá sem pretensão nenhuma. Mas o negócio cresceu, aumentou o número de vitrines e aqui ficou conhecida como a Galeria dos Brinquedos", lembra Paulinho.
Se o cliente encontra o brinquedo que procura, pode comprar na hora. Caso o produto não esteja disponível, pode encomendar. Essa é uma das formas pelas quais os comerciantes adquirem novas peças. "Pode acontecer de uma mãe nos procurar e dizer que tem brinquedos dos filhos que se já casaram ou foram morar fora [de casa]. Nesse caso, vamos buscar na casa dela", explica. Há também os que vendem os brinquedos na própria galeria.
"Quem nos procura, na maioria, são homens; mas, em menor escala, algumas mulheres procuram alguns itens de vez em quando", diz Marcelo Antunes Patti, proprietário da Patti Toys, uma das lojas da Galeria. Ele é um dos que começou a vender os artigos na feira da praça Benedito Calixto, em 1989. Hoje, ele adquire mais exemplares em lojas que têm estoque antigo ou realiza trocas com colecionadores.
Patti tem seu brinquedo favorito, que ganhou da avó nos anos 70 - e do qual não se desfaz de jeito nenhum. "É uma miniatura de lata a pilhado [carro] Mustang, da marca Bandai , fabricada no Japão. Não vendo pelo valor afetivo e [pelo] carinho que tenho pelo presente", lembra.
Embora grande parte dos brinquedos chegue à Galeria em bom estado, a maioria dos compradores são colecionadores e, muitas vezes, fazem questão de adquirir os produtos no estado em que vieram. "Às vezes fazemos alguma limpeza, mas no geral, não podemos restaurar. A pessoa quer no estado em que ele está, mesmo que seja com um risco ou um carrinho faltando uma roda". Os reparos são feitos somente se o cliente pedir.
Os preços dos brinquedos variam de R$ 20 a R$ 30, mas podem custar menos ou mais, dependendo do estado de conservação. E não somente os grandinhos se divertem e viajam no tempo. Como geralmente eles vêm acompanhados de seus filhos, as crianças também podem comprar exemplares mais recentes, que também estão em exposição. "Quando retiramos os brinquedos nas casas das pessoas, costumam vir vários juntos e vem muita coisa nova", conta Paulinho.
Fazer esse tour pelas vitrines de brinquedos é mais do que uma oportunidade de compartilhar momentos especiais. É também uma maneira diferente de pais, filhos, tios e sobrinhos dividirem lembranças do que é realmente ser criança.
Mapa do local
Brinquedos lendários
Preço(s) Entrada gratuita.
Horário(s) 8h às 20h; 8h às 16h aos sábados.