A variedade de programas noturnos em Nova York é enorme. Há city tours, ótimos restaurantes, nightclubs animados pelos mais badalados DJs para dançar até o sol raiar, teatros, os famosos musicais da Broadway, casas de jazz, óperas na Metropolitan Opera House, shows de música, pubs com centenas de tipos de cervejas, bares em funcionamento há mais de dois séculos, botecos latino-americanos, onde se pode ouvir bossa nova, samba ou ritmos caribenhos... E esses são só alguns exemplos!
Há desde lugares "para ver e ser visto", até cafés super informais, onde se toma um aperitivo numa mesinha na calçada. Tem Nova Iorque para todo mundo: cada bairro possui uma personalidade bem particular e isso se reflete na vida noturna. Por exemplo, em Greenwich Village, há um grande número de bares e danceterias voltadas para o público GLS, mas o bairro também atrai heterossexuais. O SoHo tem um perfil sofisticado, o East Village é mais descontraído e assim por diante.
Em Nova Iorque, poucos bares têm longa vida. Por isso, selecinei lugares mais consolidados, evitando os "sucessos do momento" que, possivelmente, daqui a poucos meses estarão fechados e esquecidos.
A cidade tem suas tribos. Considere que danceterias, casas noturnas e certos bares não são direcionados a turistas, mas aos nova-iorquinos e cada qual tem o seu público, que se veste de uma determinada forma e adota uma "ideologia existencial" facilmente identificável.
Não se trata de estar "bem vestido". Na porta, há leões-de-chácara (bouncers) que identificam e barram os outsiders e quem não combina com o ambiente. Se você vestir seu paletó Hugo Boss e tentar entrar numa boate dark, onde toda a moçada se veste de negro, tem uma corrente pendurada no nariz e usa cabelos pintados de verde, com certeza será barrado. Em outros lugares, como o Campbell Apartment, você não entrará se estiver vestido de modo desleixado.
O importante é estar de acordo com a faixa de idade, o comportamento e o visual dos freqüentadores e pertencer - ou pelo menos aparentar pertencer - à mesma tribo. Sioux não entram em festa de apaches e ponto final. Discutir ou tentar subornar o porteiro é pior ainda.
Agora aqui vai uma dezena de dicas para os que querem tentar não ser barrados:
1) Tenha consigo seu passaporte. Sem ele você não entra em lugar algum, mesmo que o porteiro já o conheça. Até os habitués têm que mostrar documento de identidade;
2) Dê uma passada pelo local (antes de meia-noite não adianta), repare no público na porta e volte no dia seguinte com o look certo. Outra ideia é dar uma olhada no site dos estabelecimentos e estudar se a tribo que frequenta o local tem a ver com você;
3) Se você tem amigos por lá que já conhecem as manhas, vá com eles;
4) Muitos desses bares e boates também têm restaurantes. Fazer uma reserva para jantar é uma boa maneira de escapar do filtro;
5) Chegue cedo, quando a casa ainda não começou a encher, pois quanto mais lotado fica o lugar, mais seletivos os porteiros se tornam;
6) Tudo fica mais fácil se você, sendo homem, estiver acompanhado de sua namorada ou de sua esposa. Se tiver mais uma mulher bonita com vocês, fica ainda mais fácil. Um grupo de homens sem mulheres provavelmente será barrado. Já um grupo de mulheres bonitas e desacompanhadas será praticamente sugado para dentro da boate. Estudiosos do assunto garantem que a quantidade de mulheres bonitas em qualquer ambiente tem, sobre o público masculino, um efeito semelhante ao da luz sobre as mariposas. Obviamente, não pode haver um excesso de "mariposos". O filtro serve também para isso: homens demais "queimam" o estabelecimento;
7) Não tem nada demais ser turista, mas não chegue a uma boate usando tênis e com máquina fotográfica na mão. É pedir para ser barrado;
8) Se conseguiu entrar, evite aborrecimentos. Algumas tribos mais radicais, mesmo que se vistam para chocar e épater les bourgeois, odeiam que curiosos invadam sua praia e, mais ainda, que fiquem tirando fotos;
9) Seja educado, evite intimidade com porteiro, não fique dando explicações nem puxe papos furados;
10) Danceterias têm filtro mais rigoroso que bares.
Se for barrado, paciência. Não dê bola, procure um outro local e não deixe que detonem seu ego. Considere que você é um ser evolutivamente mais avançado do que o público que frequenta o lugar. Se sobrarem sequelas morais, na volta ao Brasil você liga para seu analista.
Vale ressaltar que: Em Nova Iorque, não se vendem bebidas alcoólicas para menores de 21 anos. Para entrar em bares, casas noturnas ou outros lugares que as servem (exceto restaurantes), você precisa mostrar seu passaporte para provar que é "maior de idade". Mesmo que tenha cabelos brancos! E a gorjeta em bares é de US$ 1,00 por drinque.
Leia a coluna anterior de Lúcio Martins Rodrigues
Um destino surpreendente
Vista do Céu
Quem é o colunista: Lúcio Martins Rodrigues.
O que faz: Editor dos guiias de viagem GTB, autor de A Vaca na Estrada.
Pecado Gastronômico: Centollas à Provençal.
Melhor lugar do mundo: Paris.
Fale com ele: acesse o site Manual do Turista.
Atualizado em 6 Set 2011.